De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, os primeiros fatores que permitem prever a ansiedade e a depressão podem ser observados no cérebro logo após o nascimento, sugere um estudo publicado na edição de fevereiro de 2017 do Jornal da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente (Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry – JAACAP), publicado pela Elsevier.
Glauco diz que analisando exames cerebrais de recém-nascidos, pesquisadores descobriram que a força e o padrão das conexões entre a amígdala e certas regiões cerebrais podem prever a probabilidade dos bebês desenvolverem maiores sintomas de internalização, tais como tristeza, timidez excessiva, nervosismo ou ansiedade de separação até os dois anos de idade. Tais sintomas estão sendo associados à depressão clínica e transtornos de ansiedade em crianças mais velhas e adultos.
O fato de podermos identificar esses padrões de conectividade no cérebro logo após o nascimento ajuda a responder a uma questão crítica sobre se eles poderiam ser responsáveis pelos sintomas precoces ligados à depressão e ansiedade ou se os sintomas em si levam a alterações no cérebro”, diz Glauco. Nós descobrimos que já no nascimento, as conexões cerebrais podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de problemas posteriores, ao longo vida.
As crianças nascidas prematuramente não apresentaram maior probabilidade de exibir sinais precoces de ansiedade e depressão do que as crianças nascidas a termo”, diz Glauco. Parte disso pode ter sido devido ao fato de que algumas crianças nascidas a termo já corriam o risco de apresentar sintomas devido a fatores socio-demográficos, tais como viver na pobreza ou ter uma mãe com depressão clínica ou transtorno de ansiedade. Além disso, a gravidade destes sintomas de ansiedade precoce foi correlacionada com padrões de conectividade observados nos bebês de ambos os grupos.