De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, terapias, tratamentos psiquiátricos e o cuidado com a saúde mental estão se tornando uma rotina cada vez mais comum entre os brasileiros. Sem os preconceitos que rondavam a área décadas atrás, as pessoas estão buscando auxílio médico especializado para resolver seus problemas com estresse e ansiedade.
Glauco tem reparado que os efeitos da crise econômica também estão influenciando a psique coletiva. “O medo de ser demitido, de ver o vizinho ou um colega ser mandado embora e temer pelo pior, ou mesmo de perder o padrão de vida conquistado pela família têm incomodado bastante meus pacientes. Isso acaba desencadeando quadros sérios de estresse”, afirma Glauco.
Glauco diz que muita coisa mudou, principalmente relacionado à Neurociência, que abriu os campos de estudo e a compreensão da Psiquiatria. Disso vieram as medicações modernas, que não têm mais tanto efeito colateral. Com isso, as pessoas começaram a se sentir mais a vontade para vir ao psiquiatra, sabendo que os métodos antigos – ficar dopado, amarrado ou algo do tipo – não existem mais.
Mesmo com as pessoas se sentindo mais a vontade, ainda há preconceito. Não deveria, já que psicofobia é crime, mas existe. Mas não chega a ser algo impeditivo como antes. Hoje as pessoas já sabem diferenciar um tratamento com psicólogo e com psiquiatra, além da questão dos remédios que receitamos.
Muitas vezes o paciente baseia todo seu tratamento em cima de um remédio, e não é esse o objetivo: o ideal é que a pessoa consiga ficar independente e tenha muito cuidado com a medicação, já que os ansiolíticos (faixa preta) causam dependência.
Glauco diz que o mais comum é a ansiedade, com um leque de fobias, pânicos, transtornos generalizados de ansiedade e assim por diante. Não podemos generalizar, lógico, mas a partir desses perfis mais comuns que começamos a investigar caso a caso para ser o mais assertivo possível.
Uma coisa curiosa do momento atual é que tem crescido a procura no meu consultório de pessoas com medo de serem demitidas, de não poder manter o padrão de vida. De tudo isso surge o stress, que é caracterizado por essa preocupação, tensão, a sensação de estar carregado, como se não houvesse um escape.
Todo paciente com transtorno psiquiátrico deveria ter a família envolvida no tratamento, é o ideal. Muitas vezes o papel de cada membro da família é fundamental, principalmente na administração de medicamentos, se o paciente tem o perfil mais descuidado, ou mesmo corre risco de suicídio.
Glauco destaca que há alguns anos, as crianças não eram diagnosticadas e sofriam sem saber. Hoje os pais estão mais atentos no comportamento da criança, se ela pode estar deprimida ou sofrendo bullying.
Os jovens na fase pré-vestibular também têm vários conflitos. Nessa fase, ainda são os pais que percebem as mudanças no comportamento e tomam a iniciativa de nos procurar. Os cuidados específicos que temos são em relação aos impulsos, às críticas, as paixões e tudo que se mistura na vida deles.
Glauco diz que depois que os estudos da Psiquiatria evoluíram nessa área, tudo ficou mais fácil. Facilitou para o médico conseguir explicar melhor o diagnóstico para o paciente. Ter o desenho do cérebro em mãos concretiza melhor o que está acontecendo. Tira o estigma, a família não fica mais tão assustada com o diagnóstico. Além disso, a tecnologia tem trazido novas e boas possibilidades. O tratamento de Alzheimer, as influências do ambiente em que o paciente vive, entre outras, estão sendo desenvolvidos de forma promissora.