De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, além de lidar com o sofrimento causado por doenças psiquiátricas, portadores desse tipo de transtorno têm outro problema a ser enfrentado: o preconceito. Chamada de psicofobia por especialistas, a discriminação contra esses pacientes atrasa a procura por ajuda médica e dificulta a progressão do tratamento.
A síndrome do pânico e a depressão estão entre as doenças cujos portadores frequentemente são vítimas de atos de rejeição. “As pessoas têm medo de dizer que têm um problema desse tipo. Isso porque muitos consideram essas situações como preguiça ou desinteresse”, explica Glauco.
Por falta de informação, é comum que o preconceito surja dentro de casa, justamente por quem deveria apoiar o familiar que passa por esse momento. “Cerca de 21% da população mundial têm algum tipo de transtorno mental, mas muitas famílias acham que é besteira, e, por isso, o tratamento é negligenciado”, comenta Glauco.
Glauco acrescenta que a psicofobia também é vivenciada por dependentes químicos. “É ainda pior, levando em consideração toda a contravenção que rodeia este tema.”
Glauco salienta que é comum o próprio paciente ter rejeição ao tratamento psiquátrico e, com isso, atrasar a procura. “O paciente fica muito assustado quando precisa ser consultado por um psiquiatra, pois ainda pode ser visto como um médico para ‘louco’. Pior ainda é quando há necessidade do uso de medicamento controlado. Mesmo assim, isso tem diminuído ao longo do tempo”, reconhece Glauco.
A demora no início das terapias medicamentosas e comportamentais pode minimizar as chances de melhora significativa. “Quando a depressão não é tratada adequadamente, há a cronificação do quadro”, alerta Glauco.
Quando as doenças psiquiátrica são negligenciadas, há aumento no risco de problemas ainda mais graves, como o suicídio. “Aproximadamente 97% das pessoas que se suicidam, o fazem em decorrência de transtorno mental, sendo a depressão a maioria delas”, adverte Glauco. Os números referentes ao ato de tirar a própria vida são impressionantes, conforme Glauco: no Brasil, são registrados cerca de 11 mil suicídios por ano. No mundo, é quase um milhão de suicídios anuais, segundo a Organização Mundial de Saúde. Isso é mais do que é contabilizado em uma guerra”, compara.