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Interrupção de medicação psiquiátrica pode levar à recaída

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

Um dos desafios de quem está em tratamento psiquiátrico é cumprir o tempo do uso de medicamento prescrito pelo médico. Há paciente que acha que não necessita mais tomar a medicação, alguns têm medo de ficar dependente do remédio, tem quem acredite que o tratamento psicofarmacológico não está dando resultado, outros se incomodam com os efeitos colaterais e há quem não consiga pagar a manutenção do tratamento. O principal risco de interromper a medicação antes do tempo prescrito é do paciente novamente apresentar a sintomatologia que motivou o início do tratamento. “É como se voltássemos à estaca zero do tratamento”, alerta o psiquiatra Glauco Diniz Duarte.

Cada medicação tem um tempo de ação que deve ser respeitado para evitar a ocorrência de recaída ou recorrência dos sintomas. Os medicamentos psiquiátricos agem no Sistema Nervoso Central e a resposta cerebral tende a ser mais lenta do que em outros órgãos do corpo. A ação da resposta medicamentosa no cérebro costuma aparecer com duas a quatro semanas de utilização das medicações. A medicação é apenas uma parte do tratamento, que pode ser composto pelo tratamento terapêutico de outras áreas da Saúde, como a Psicologia, a Terapia ocupacional, a Musicoterapia, a Educação física, a Fisioterapia e a Nutrição.

Tempo de uso
Segundo Glauco, os medicamentos psiquiátricos são utilizados nos casos que envolvem sintomatologia moderada a grave, reservando aos casos leves outros tipos de terapia. O tempo de uso do medicamento varia conforme a doença em foco. Em casos de depressão e ansiedade (primeiro episódio), o tratamento medicamentoso dura pelo menos 18 meses; em casos de esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar, perdura por toda a vida.

Não é verdade que todo medicamento psiquiátrico causa dependência. Apenas algumas medicações psicotrópicas, mais especificamente os benzodiazepínicos, causam dependência. Elas tendem a ser utilizadas nos quadros de ansiedade aguda e/ou insônia e seu uso é restrito por algumas semanas para evitar o quadro de dependência.

Há casos de pacientes que não conseguem dentro do seu tratamento ficar bem sem o medicamento. Caso seu uso seja contínuo, eles terão dificuldades com a descontinuação destas medicações. “Quando há caso de dependência e necessidade de se retirar estas medicações, as trocamos por uma outra da mesma classe, só que com meia-vida longa, om tempo de ação de mais de 48 horas, e reduzimos gradualmente para minimizar os efeitos colaterais da retirada”, explica Glauco.

A tolerância ao medicamento também é observada durante o tratamento. Ela acontece quando o paciente se acostuma com a substância, quando adquire capacidade de tomar a medicação sem apresentar efeitos colaterais. De acordo com Glauco, este é considerado um dos critérios para caracterização da dependência. Os efeitos colaterais são sintomas, desagradáveis ou não, trazidos pelos medicamentos.

Segundo Glauco, é importante salientar que, mesmo em tratamentos prolongados, a medicação sempre faz efeito. O que pode ocorrer é a resposta da medicação não mais ser satisfatória para a necessidade do paciente. “Chamamos estes casos de recaída ou recorrência dos sintomas. Para tanto, a dosagem deverá ser reajustada visando melhora psíquica do paciente”.

Se for o caso de alterar o rumo do tratamento, isso deve ocorrer com o acordo e a ciência do médico e do paciente. “Qualquer mudança no esquema terapêutico só pode ser feita com a anuência do médico, pois o risco é imenso à saúde do paciente”, reforça Glauco.

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