GLAUCO DINIZ DUARTE Apartamentos compactos são quase metade dos lançamentos de SP; entenda a tendência
Quem está procurando apartamento novo para comprar poderá notar que as metragens encolheram. É comum encontrar imóveis de 40, 30 ou 25 metros quadrados à venda, especialmente em bairros centrais de grandes cidades.
Os apartamentos com menos de 45 metros quadrados já são 42,6% das unidades lançadas na capital paulista este ano e 36,8% das vendidas, segundo dados do Secovi-SP, entidade que representa o setor imobiliário. É mais do que esse mercado tinha no ano passado, quando os compactos somaram 30% dos lançamentos.
Na semana passada, a incorporadora Vitacon anunciou que vai construir em São Paulo um empreendimento com os menores apartamentos da América Latina. Cada unidade terá apenas 10 metros quadrados e custará a partir de R$ 99 mil.
O G1 visitou uma unidade decorada de 14 metros quadrados da empresa para mostrar como é o espaço. A unidade menor ainda não está disponível para visitas.
G1 visitou um apartamento decorado de 14 metros quadrados
Os chamados studios (apartamentos pequenos sem divisórias entre quarto, sala e cozinha) são tendência no mercado imobiliário de grandes cidades no mundo, disseram ao G1 especialistas no setor. Eles citam a mudança no perfil de famílias, a valorização da mobilidade, questões econômicas e de zoneamento municipal para explicar a expansão dos studios. São elas:
aumento do número de pessoas que moram sozinhas
imóvel pequeno é solução para morar em bairros mais valorizados
studios ficam em bairros centrais e atraem pessoas que não querem gastar horas no trânsito
rentabilidade do aluguel é maior para imóveis pequenos
incorporadora pode vender mais unidades por lançamento
algumas cidades limitam número de garagens por empreendimento e donos de studios aceitam mais fácil unidades sem vaga
Estilo de vida
O foco dos studios é um público mais jovem, estudantes, pessoas que se divorciaram e trabalhadores de outras cidades, explica o diretor de vendas da imobiliária Lello, Igor Freire.
Esse perfil de cliente abre mão do espaço em troca de preços mais baixos e mobilidade em pontos privilegiados da cidade.
“Há quem prefira morar em uma ‘cabine de navio’ bem equipada perto do centro do que perder duas horas por dia para sair da periferia ao trabalho”, afirma o vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Odair Senra.
Para compensar a falta de espaço, as empresas investem em áreas compartilhadas, como lavanderia e espaços de coworking, serviços semelhantes ao oferecido por hotéis.
Não por acaso, a maior parte dos imóveis de um dormitório lançados em São Paulo neste ano está nos bairros República, Pinheiros e Sé, regiões centrais da capital e repletas de comércio e lazer, segundo o Secovi-SP.
Ao mesmo tempo, são áreas mais caras. O preço médio do metro quadrado em Pinheiros, por exemplo, é de R$ 10.645,16; já a média da cidade é de R$ 8.680.
Como o preço do metro quadrado é mais caro, o imóvel precisa ser menor para caber no bolso do consumidor que procura esses bairros.
“O valor mais baixo de uma unidade tem apelo muito grande para quem não pode comprar um maior”, diz Senra.
Investidores
Além dos solteiros e divorciados, quem procura imóveis para investir também é um público-alvo das incorporadoras nos lançamentos de studios, lembra o presidente da incorporadora Vitacon, Alexandre Frankel.
“É um produto que tem muita liquidez. É muito fácil de vender e tem liquidez para alugar. Tem um retorno muito bom”, diz.
Dados do índice FipeZap de julho de 2017 mostram que os imóveis de até 1 dormitório eram os mais rentáveis no país para alugar. Enquanto as unidades mais espaçosas, de quatro quartos, tinham retorno de 0,31%, as menores tinham ganho de 0,40%.
O cálculo se dá pela divisão do valor de venda do imóvel pelo preço do aluguel. Quanto maior o aluguel em relação ao preço, maior o retorno para o investidor.
Apesar disso, Freire, da Lello, lembra que o apelo para comprar imóveis para investimento não é tão forte como no passado. Com a crise, o mercado imobiliário esfriou.
A rentabilidade média do aluguel no país caiu de 0,43%, há quatro anos, para 0,36%, em julho, segundo o FipeZap.
Studio tem 14 metros quadrados; quarto é integrado com cozinha — Foto: Fabio Tito/G1
Plano diretor
Algumas regras de zoneamento de grandes cidades influenciam na expansão dos imóveis pequenos. Segundo Senra, do SindusCon-SP, a legislação do plano diretor em São Paulo delimitou a altura dos prédios a serem construídos. Isso fez as empresas repensarem seus modelos de empreendimento para fazer a conta fechar.
“Um prédio com menos andares tem uma diferença incrível no preço final do metro quadrado”.
Apesar de o valor absoluto dos compactos ser mais baixo, o preço do metro quadrado costuma ser mais caro que a média. Segundo Senra, isso acontece porque prédios com mais unidades por andar têm um custo mais alto de construção. “A quantidade de áreas frias como cozinhas e banheiros encarece a obra e reflete no preço final”, explica.
Juntamente com esse metro quadrado mais alto, de acordo com Eduardo Schaeffer, executivo-chefe do portal de classificados ZAP, existe o “bônus de compactação”, o que seria u