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O “eletrochoque” como tratamento psiquiátrico

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, a ECT funciona induzindo uma crise convulsiva generalizada para alterar a atividade dos neurônios do paciente. A ideia ocorreu na década de 1930, quando pesquisadores perceberam que pessoas epilépticas, que tinham convulsões, não apresentavam psicose (perda do contato com a realidade). A ECT regula a liberação de neurotransmissores (moléculas que transmitem informações entre os neurônios), através de impulsos elétricos, e causando um efeito anticonvulsivante. Ou seja, a cada aplicação de ECT é mais difícil causarmos a convulsão. Foi a partir da observação desse efeito antidepressivo da ECT que a psiquiatria começou a utilizar medicamentos anticonvulsivantes como moduladores de humor.

Segundo Glauco o procedimento é feito em ambiente hospitalar, com o paciente em jejum, anestesiado e monitorizado. Ele pode estar internado ou ir para o hospital realizar o procedimento e depois retornar para casa. São colocados dois eletrodos na parte frontal da cabeça e um estímulo elétrico muito breve passa entre eles. A eletricidade é suficiente para induzir uma convulsão que é vista apenas no monitor do eletroencefalograma. Todo o procedimento dura 30 minutos, é acompanhado por um psiquiatra e um anestesista e, depois de voltar da anestesia, se a pessoa não estiver confusa ela é liberada para casa. Caso esteja confusa, ela é monitorada até que se recupere.

Glauco explica que o único risco é o da anestesia, que ocorre em qualquer tipo de procedimento que utilize anestesia semelhante. A memória só é afetada pelo curto período que segue a anestesia. É uma amnésia semelhante a de um procedimento de endoscopia digestiva alta. Há também a chance de uma leve dor de cabeça após o choque, mas normalmente a aplicação é toda indolor. O tratamento completo deve ser realizado duas a três vezes por semana, com o mínimo de uma e o máximo de 20 aplicações. Ao final da ECT espera-se que o paciente saia do episódio depressivo grave e possa então dar continuidade ao tratamento medicamentoso, já que a ECT por si só não é capaz de curar essas doenças.

Glauco diz que não são todos os pacientes que podem passar pelo procedimento de anestesia e crise convulsiva. Além dos remédios poderem ser tomados em casa, sem a dificuldade do deslocamento para um hospital.

ECT pode salvar a vida de uma pessoa com depressão grave, unipolar ou bipolar, que se recusa a comer ou tenta suicídio. Estes pacientes, por vezes, não podem esperar duas a três semanas para que os remédios façam efeito, ou podem até se recusar a tomá-los. ECT também é bem indicada em casos em que os remédios não foram efetivos no tratamento da depressão.

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