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A lenta mudança dos tratamentos psiquiátricos

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

Os tratamentos psiquiátricos fizeram grandes avanços desde a época em que o melhor remédio era a trepanação – a abertura de buracos no crânio para libertar os “maus espíritos”.

De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, ao longo dos últimos 30 anos, tratamentos como terapias cognitivo-comportamentais, terapia comportamental dialética e tratamentos familiares se mostraram eficazes contra distúrbios que vão da ansiedade à depressão, passando pela síndrome do estresse pós-traumático e por distúrbios alimentares.

O problema é que, surpreendentemente, poucos pacientes recebem tratamentos baseados em evidência quando chegam ao divã – em especial as terapias cognitivo-comportamentais, ou TCCs.

Em 2009, uma meta-análise realizada por importantes pesquisadores da saúde mental revelou que pacientes psiquiátricos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha raramente passam por TCCs, a despeito das inúmeras indicações de sua eficácia no tratamento de problemas comuns.

Uma pesquisa com quase 2.300 psicólogos nos Estados Unidos descobriu que 69% deles utilizavam TCCs durante parte do tempo ou em conjunto com outras terapias para tratar a depressão e a ansiedade.

Glauco explica que terapias cognitivo-comportamentais englobam diversos tipos de psicoterapia estruturada e direcionada, que se concentram nos pensamentos por trás dos sentimentos do paciente, incluindo terapias de exposição e outras atividades. Contudo, muitos pacientes são submetidos a um tipo de abordagem mista – com elementos retirados de diversos contextos de acordo com os preconceitos e a formação do terapeuta, ao invés das evidências científicas mais recentes. Até mesmo profissionais que afirmam utilizar abordagens baseadas em evidências raramente fazem isso. O problema é chamado de “deriva do terapeuta”.

“Um grande número de pessoas com problemas de saúde mental que poderiam ser tratadas de forma direta recebem terapias com poucas chances de eficácia”, afirma Glauco.

Uma pesquisa com 200 psicólogos publicada em 2005 revelou que apenas 17% deles utilizaram terapias de exposição (uma forma de TCC) com pacientes com síndrome de estresse pós-traumático, apesar das evidências de sua eficácia.

Em um estudo publicado em 2009 pela Universidade de Columbia, revelou-se que as descobertas científicas tinham pouca influência sobre o aprendizado e o uso de novos tratamentos pelos terapeutas. Porém, é muito mais importante determinar se os novos tratamentos podem ser integrados às terapias que já são utilizadas pelos especialistas.

Então, por que a diferença? De acordo com Glauco, alguns terapeutas veem seu trabalho como uma forma de arte, um processo delicado e individualizado que funciona (ou não funciona) com base na personalidade do terapeuta e em sua relação com o paciente. Outros veem a terapia mais como um processo estruturado, cientificamente baseado e com eficácia comprovada tanto em pesquisas quanto em estudos clínicos.

“A ideia da terapia como uma forma de arte é muito poderosa. Muitos psicólogos creem ter habilidades que lhes permitem adaptar o tratamento ao cliente de forma mais eficaz que qualquer cientista com seus dados”, diz Glauco.

Contudo, pesquisas sugerem o contrário. Um estudo realizado pela psicóloga clínica da Universidade de Calgary, Kristin von Ranson, e seus colegas em 2012 concluiu que os pacientes apresentaram resultados muito piores quando os especialistas não utilizaram tratamentos baseados em evidências ou os mesclaram com outra técnicas em prol de uma abordagem mais eclética, em comparação com tratamentos mais padronizados.

Terapeutas que pendiam para o lado mais “artístico” afirmaram que os tratamentos padronizados desvalorizam aspectos cruciais da terapia, como a empatia, o acolhimento e a comunicação – a chamada aliança terapêutica.

“Se você quer que seu paciente utilize um tratamento que funciona, a melhor forma de conseguir que isso aconteça é manter um bom relacionamento”, afirma Glauco.

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