Inabilidade para interagir socialmente, dificuldade no domínio da linguagem para se comunicar, comportamento restritivo e repetitivo são alguns sintomas do transtorno global de desenvolvimento que atinge 1% da população mundial, o autismo.
Alguns estudos iniciais consideravam o trans¬torno resultado de uma dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, mas hoje já se admite a possibilidade da existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos. E, os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida.
Segundo o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, o autismo pode ser identificado nos primeiros três anos de vida, mas é preciso estar atento a alguns sinais consideráveis da criança, tais como: ausência de sinais de linguagem verbal e de gesticulação ou regressão social, enquanto não demonstra comportamentos afetivos e tem dificuldades para interagir com outras pessoas.
O autismo ainda é considerado um distúrbio crônico. Para tanto, o grau de compro-metimento dos sintomas é variável. Glauco explica que há quadros mais leves, em que não há comprometimento da fala e da inteligência, e também formas graves, nos quais o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal. “Nas formas mais graves do autismo, a criança pode apresentar comportamento destrutivo, autoagressivo e forte resistência a mudanças. Já as crianças com autismo mais leve apresentam níveis de inteligência mais preservados, nos quais é possível identificar algumas habilidades bastante desenvolvidas tais como a sensibilidade musical, habilidades matemáticas, memorização, desenhos e pinturas”, complementa Glauco.
Por conta desta variação, não existe tratamento padrão que possa ser utilizado para pessoas com autismo. Cada caso exige atenção diferenciada, de acordo com suas necessidades e deficiências. “O tratamento do autismo vai depender da gravidade do déficit social, de linguagem e do comportamento social e emocional que o indivíduo apresente, sendo que o ideal é que seja iniciado antes dos três anos de idade, por meio de reabilitação global, incluindo fonoaudiologia especializada em linguagem, psicologia comportamental, terapia ocupacional e métodos psicoeducacionais. Em alguns casos, o uso de medicamentos é fundamental, podendo ser utilizados nos quadros em que se apresentam complicações neuropsiquiátricas e epilepsia”, diz Glauco, que completa ainda: “o processo educacional também é essencial para crianças com autismo, pois, associado aos tratamentos adequados, pode melhorar o desenvolvimento delas na vida adulta”.