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Psiquiatria e os transtornos mentais

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

Estigma, desinformação, falta de orientação. O diagnóstico e o tratamento dos transtornos mentais estão entre os grandes desafios da medicina no século 21. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 700 milhões de pessoas sofrem com tais patologias. Só no Brasil são 23 milhões.

De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, a maioria de nós relaciona esquizofrenia e psicoses graves com distúrbios da mente. Mas as estatísticas da OMS colocam no topo da lista a depressão e a ansiedade, cada vez mais comuns principalmente nas populações dos grandes centros urbanos.

É a psiquiatria a especialidade que lida com os transtornos mentais. A área avançou nas últimas três décadas não só em medicamentos e possibilidades de tratamento, mas também desmistificando preconceitos em relação à saúde mental. Ainda há muito por vencer e compreender. Os caminhos, porém, existem.

Glauco elenca quais são suas preocupações quando se aborda o tema transtornos mentais e quais têm sido os erros e os acertos. Mais importante de tudo: como garantir o bem-estar dos pacientes.

Desafios
A psiquiatria tem vários desafios pela frente. Um deles é não estabelecer o diagnóstico da doença mental simplesmente pela soma de sintomas e com base nos manuais médicos, o DSM ou o CID-10 (nos quais se buscam as categorias que mais se adequam a cada tipo de sintoma).

Glauco explica que a classificação diagnóstica é um instrumento básico da psiquiatria. O estudo, de qualquer natureza – médica, física, sociológica – trabalha com conceitos, com noções que pertencem à ciência e que são compartilhados pela comunidade científica. Portanto, precisam ser definidos e sistematizados em categorias.

O diagnóstico serve para estudar situações especiais, patológicas, vividas pela pessoa. Como afirmação científica, não pode ter a pretensão de dizer “tudo” sobre o paciente. As doenças são, em si, um modo de conceber categorias de situações.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é uma classificação dos transtornos mentais elaborado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA). Encontra-se na quinta versão (DSM-V). Inicialmente, foi publicado em 1952. Em maio de 2013, durante o congresso anual da APA, foi apresentada sua atual edição.

Estes códigos oficiais de classificação têm como objetivo o conhecimento e a formulação adequadas do conceito de doença mental. No entanto, eles não cumprem sua meta, já que não permitem um real conhecimento da doença mental: tanto as classificações CID-10 como a DSM-5 fazem apenas uma descrição sintomática, como se os sintomas fossem realidades.

A cada edição um numero maior de transtornos mentais são descritos como categorias diagnósticas. O DSM-IV apresenta 297 categorias de transtornos mentais. Já no DSM-V as categorias de transtornos listados chegam a mais de 400.

A soma dos sintomas designa vários diagnósticos, que se tornam cada vez mais numerosos. Por isso, outro objetivo das classificações − que é a unificação diagnóstica − não é alcançado. Outra crítica é a de que esse tipo de critério não dá lugar à subjetividade, ferramenta básica do trabalho do psiquiatra.

Uma das principais críticas que se faz ao DSM-V é de que sua lógica está profundamente dominada pelos interesses da indústria farmacêutica. Alguns diagnósticos propostos foram criticados como potencialmente criados para medicalizar padrões de comportamento e humor que levam a tratamento médico inadequado. A força-tarefa que revisou o DSM-V, foi composta por 27 membros dos quais 18 tinham alguma ligação com a indústria farmacêutica.

Essa forma de atuar na psiquiatria, afirma Glauco, influenciada principalmente pela linha norte-americana, faz com que alguns psiquiatras diagnostiquem baseados nessas classificações. Estabelecido o diagnóstico, recorre-se às orientações para planejar o tratamento.

O tratamento, então, visa combater os sintomas com remédios. Utiliza-se o arsenal terapêutico para escolher os psicofármacos de acordo com os vários sintomas que se pretende atingir. Para cada um ou para cada grupo de sintomas há um medicamento. Mas o risco desse método é bombardear o paciente com uma quantidade de medicamentos que ao invés de benefícios, na maioria das vezes, coloca em risco a saúde do paciente.

A doença só é bem tratada quando entendida em seus mecanismos. Tratar pela forma com que se pensa o estabelecimento do transtorno mental possibilita um raciocínio tanto neurofisiológico, psicogenético, como psicossocial. Portanto, um tratamento mais coerente, global e eficiente.

Segundo Glauco, é de suma importância levar em conta as vivências do indivíduo e incluir na avaliação o mundo interno e subjetivo do paciente. Assim, estabelecemos um nexo do sintoma com sua vida. Devemos levar em conta, tanto para o diagnóstico como para o tratamento, a intuição, a experiência, o julgamento clínico e ainda dar ênfase à relação médico-paciente.

Ajudando o paciente a compreender sua doença fazemos com que a veja não como uma perda de controle sobre sua vida, mas como uma consequência de escolhas mal estabelecidas e que levam ao fracasso de vivências. E que esses fracassos condicionam a sintomas por alteração do funcionamento do sistema nervoso central.

Compreender o mecanismo pelo qual a doença mental se estabelece nos dá possibilidade de lidar com a mesma, além de permitir o acolhimento do indivíduo acometido por ela.

Uma das vantagens em entender a doença mental dessa maneira é a diminuição do estigma que o portador dessa doença carrega. Quase todos nós já experimentamos sintomas como ansiedade, angústia, pensamentos intrusivos (pensamentos ruins que nos invadem), obsessões, agressividade, depressão, etc. Por isso, o contato com um doente mental pode nos ameaçar pela identificação. Daí vem um dos mecanismos de estigmatização do doente mental.

Glauco salienta que o tratamento psiquiátrico não se resume ao tratamento farmacológico. A psicoterapia ocupa um papel central e os métodos de reabilitação psicossocial são fundamentais para os portadores de transtornos mentais graves e prolongados. Utilizando todos os recursos conhecidos para o tratamento psiquiátrico, priorizando ora um ora outro, e associando-os quando indicado, é possível garantir o bem-estar do paciente.

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