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Pacientes com transtorno bipolar levam até dez anos para receber o diagnóstico

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

O transtorno bipolar é uma das doenças mentais que mais causa sofrimento aos portadores, principalmente aqueles que ainda não sabem ter o problema, afirma o psiquiatra Glauco Diniz Duarte.

Alterações bioquímicas e moleculares nos neurotransmissores, em especial na produção da serotonina (substância que ajuda a manter a harmonia e a comunicação dentro do cérebro), fazem o paciente alternar períodos de mania (caracterizado por agitação, ritmo acelerado, impulsividade e compulsão) com depressão (sensação de vazio, cansaço prolongado, retração e alguma ansiedade).

Assim, a pessoa eufórica torna-se apática de uma semana para outra. Segundo Glauco Diniz, essa oscilação de ritmo e humor na cabeça – e no dia a dia – da pessoa leva cerca de 25% dos pacientes a tentarem se matar ao menos uma vez na vida – desses, 4% chegam a cometer o suicídio, de fato. Entre os que estão em tratamento, o número de tentativas cai para menos da metade, afetando 10% dos portadores.

O problema, diz Glauco, é que o número de pessoas que tratam o transtorno ainda é baixo no país, muito devido à dificuldade de um diagnóstico preciso pelos médicos. Como ele é confundido com os sinais de outras doenças, a “descoberta” pode tardar até dez anos.

“A própria questão da doença, que se apresenta primeiro só como depressão, cria uma dificuldade de ler os sintomas”, explica Glauco. “A virada [para a fase da mania] pode levar anos para acontecer, atrasando o diagnóstico em até dez anos. Com isso, acredita-se que 60% dos indivíduos atualmente estão diagnosticados errados.”

Segundo Glauco a doença mental ocorre em qualquer idade, mas se manifesta com mais frequência entre o fim da adolescência e o começo da vida adulta.

A fase da mania, diz ele, persiste por sete dias, no mínimo, fazendo a pessoa ter um comportamento impulsivo durante todo o tempo. Já o período de depressão, que vem em seguida, dura pelo menos 15 dias. “Tristeza e alegria são expressões naturais das pessoas, todo mundo passa por boas e más fases na vida. Mas os sintomas do transtorno são intensos e disfuncionais”, ressalta.

O tratamento, que alia terapia com psicotrópicos, deve ser contínuo para que haja um controle efetivo da doença crônica, do mesmo modo do que já é feito “por quem tem diabetes, pressão alta e problemas cardíacos”. Quem interrompe o tratamento, diante da melhora, mais cedo ou mais tarde vai voltar a encarar a alternância brusca de humor, já que a taxa de recorrência é de 90%.

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Apesar de a ocorrência da síndrome bipolar ser equivalente entre os sexos, em geral as mulheres buscam mais tratamento do que os homens. Segundo Glauco, elas se queixam mais de dores físicas, como cólicas mensais, e acabam indo mais ao médico clínico, que funciona como um funil até o psiquiatra.

Os homens, além de serem mais resistente na hora de pedir ajuda, costumam abusar mais de álcool e drogas e acabam sendo “tratados” em clínicas de reabilitação, como se os sintomas do transtorno viessem do abuso de substâncias, e não da disfunção cerebral.

Para tentar reverter o quadro de baixo e ainda impreciso diagnóstico, a Associação Brasileira de Psiquiatria tenta enfrentar o problema por várias frentes. Além de ajudar o psiquiatra, com o programa de educação continuada, a distribuição de cartilhas e material educativo atinge diretamente a família e o paciente. A ideia é combater um dos maiores desafios que cerca as doenças mentais: o preconceito da sociedade.

“Quando uma tia tem um problema cardiovascular, todo mundo fica sabendo, liga um para outro, vai visitá-la. Mas quando há uma doença mental, cria-se um silêncio na família e evita-se pedir ajuda. As pessoas têm muita resistência de procurar um profissional para obter o diagnóstico [do transtorno bipolar]. Elas ainda acham que quem procura um psiquiatra é louco.”

Para Glauco, ainda há a dificuldade do acesso da população carente à assistência psiquiátrica e aos leitos adequados em hospitais.

“Eles não podem comprar muito dos medicamentos, que são muito caros. O Ministério da Saúde libera antipsicóticos pelo SUS, mas apenas para pacientes de esquizofrenia, apesar de servir também para quem tem o transtorno bipolar. A população carente não recebe o que é ideal, mas o que é disponível. E isso não é tratamento, é redução de danos”, finaliza o psiquiatra.

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