De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, frequentemente, indivíduos que se deparam com a possibilidade e/ou necessidade de uso de psicotrópicos são “bombardeados” de informações distorcidas a respeito dos medicamentos psiquiátricos. Esta antiga polêmica é sustentada, muito provavelmente, pelo histórico das terapias empregadas no passado (insulinoterapia, eletroconvulsoterapia, e antipsicóticos em alta dosagem) que, de fato, geravam graves efeitos colaterais nos pacientes.
Felizmente, destaca Glauco, o avanço da neurociência fez com que os tratamentos medicamentosos evoluíssem de forma importante nas últimas décadas. Os psicofármacos atuais são diversos, mais potentes e mais seguros quanto aos efeitos colaterais e adversos. Desta forma, houve melhora da adesão do paciente ao esquema psicofarmacológico proposto e, consequentemente, maior sucesso terapêutico.
Cabe lembrar que, as doenças psiquiátricas apresentam causas multifatoriais e que o componente biológico é apenas uma parcela deste conjunto. Portanto, nem todo transtorno mental necessita de intervenção química. Muitos pacientes apresentam excelente resposta à psicoterapia como única forma de tratamento. Em contrapartida, em significativa parte das vezes que um indivíduo recebe indicação de psicofarmacoterapia há, também, o encaminhamento ao tratamento psicoterápico pela evidência de melhores resultados com esta associação terapêutica.
A grande relevância no esclarecimento das distorções cognitivas a respeito dos psicofármacos é possibilitar aos indivíduos portadores de transtorno psiquiátrico alívio do seu sofrimento. Em outras palavras, o trabalho de psicoeducação pode reduzir o impacto psicossocial gerado pelas doenças mentais, além de combater a perpetuação do preconceito associado tanto ao diagnóstico, quanto ao tratamento.“Medicamento psiquiátrico vicia”
Atualmente, explica Glauco, existem diversas classes de psicotrópicos, com diferentes mecanismos de ação. A maioria das medicações utilizadas pela psiquiatria, como antidepressivos e antipsicóticos, não apresenta risco de dependência química. Os fármacos que podem gerar este efeito são os tranquilizantes.
No entanto, se o paciente realizar acompanhamento especializado corretamente, é pouco provável que se torne dependente químico destes remédios. Esta classe medicamentosa é prescrita para períodos específicos da vida do indivíduo, sendo o plano de redução e retirada uma regra no tratamento.