É comum que, ainda hoje, a depressão não seja vista como uma doença, o que pode ter consequências graves. Os preconceitos e estigmas que costumam ser relacionados a transtornos psicológicos podem resultar, entre outros problemas, em tratamentos mal realizados (quando realizados) e recaídas. Um dos motivos dessa má interpretação é que, muitas vezes, o problema é confundido com tristeza ou preocupações passageiras.
Ainda não se sabe quais são as origens da depressão, uma doença complexa que tem consequências físicas e emocionais. “Conhecida também como Transtorno Depressivo Maior (TDM), é caracterizada por sinais que interferem na habilidade para trabalhar, estudar, comer, dormir e apreciar atividades antes agradáveis”, explica o psiquiatra Glauco Diniz Duarte. O problema é mais comum entre pessoas de 20 e 40 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária.
“Existem dois sintomas centrais: tristeza persistente e perda de interesse por atividades das quais costumava gostar. Para a depressão, ao menos um deles deve estar presente e tem que durar no mínimo duas semanas. Mas há outros que são secundários, como alteração de peso ou da libido para mais ou para menos, dificuldade de concentração, perda de memória, sentimento de culpa inapropriado e alteração no sono”, completa Glauco.
Apesar das confusões relacionadas à depressão, há problemas que realmente têm ligação, caso da ansiedade. Glauco explica que é frequente que ambos ocorram ao mesmo tempo. “Quem tem ansiedade crônica, em cerca de 70% dos casos, desenvolve depressão e o contrário também é verdadeiro”, explica Glauco, que ressalta que, nesse caso, o diagnóstico também deve ser feito por médicos.
De acordo com Glauco, entre os fatores de risco para a depressão estão: pessoas com histórico familiar (fator genético) da doença; que enfrentam situações repetidas de estresse; que tenham perdido um dos pais ainda na infância ou sofrido qualquer tipo de abuso nessa época. “Nas mulheres, os períodos pré-menstrual, pós-parto e menopausa são de maior risco para desenvolver a doença. E cerca de 17,5% da população apresentará pelo menos um episódio depressivo ao longo da vida”, completa Glauco.
Tratamento para depressão envolve mudanças no estilo de vida
Segundo Glauco, para que o tratamento para a depressão seja completo, é preciso que a pessoa se submeta a sessões de terapia psicológica e faça mudanças nos hábitos de vida, passando a realizar atividades físicas regularmente, mantendo um período de sono satisfatório, adotando uma alimentação equilibrada e evitando o consumo de álcool e o tabagismo.
Após ter a depressão diagnosticada, é importante que essa pessoa consulte com frequência um profissional especializado, como o psiquiatra, e siga as orientações, que muitas vezes podem envolver o uso de medicamentos. “A partir do momento em que a síndrome depressiva passa a trazer consequências (como a falta de vontade de fazer atividades das quais a pessoa gosta), é um indicativo de que se deve iniciar o tratamento”, explica Glauco
Tão importante quanto ir a um especialista para tratar da depressão, é manter o tratamento pelo tempo que for determinado pelo profissional. Glauco explica que 1/3 dos pacientes para com as recomendações médicas por conta própria após perceber alguma melhora. “As consequências são muito negativas. Quanto mais cedo o tratamento for interrompido, maiores as chances de ser inadequado, de haver recaídas, e o problema piorar”, alerta o psiquiatra.
Os cuidados com a depressão, explica Glauco, têm o objetivo de fazer a pessoa melhorar por completo dos sintomas, uma vez que se trata de uma doença crônica, como a diabetes e a hipertensão e, portanto, sem cura. “Mas, quando o problema é tratado adequadamente, o paciente leva uma vida absolutamente normal”, completa Glauco.