Qual é a mulher que nunca se sentiu ansiosa em algum momento da vida? Apesar de todas nós termos esse desejo de apagar a ansiedade das nossas vidas, isso não é possível nem saudável. De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, esse sentimento de apreensão é essencial para que a gente não se meta em confusão. Assim como o medo, a ansiedade faz com que as pessoas evitem situações de perigo que possam colocar suas vidas ou sua saúde em risco. Mas isso não quer dizer que ela mesma não seja bastante perigosa.
Muitas vezes, esse estado de apreensão passa do seu limite normal, assumindo o nome de ansiedade patológica, que é considerada uma doença psiquiátrica grave por interferir diretamente na qualidade de vida da pessoa. “Isso acontece quando a ansiedade deixa de ser um mecanismo que auxilia a sobrevivência e passa a prejudicar o desempenho da pessoa, reduzindo sua produtividade no trabalho e qualidade de vida em geral”, explica Glauco.
Segundo ele, a doença é mais comum do que se imagina. “Recentemente, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, conhecida como National Comerbidity Survey Replication (NCS-R), chegou à conclusão de que a taxa aproximada de prevalência da ansiedade ao longo da vida é de 29%”, conta. Isso quer dizer que esta é a porcentagem da população mundial que vai apresentar algum distúrbio de ansiedade em algum momento de suas vidas. Genética e traumas, especialmente acontecidos na infância, podem ter influência no desenvolvimento do distúrbio.
E a situação é ainda mais grave entre as mulheres. “Assim como acontece com outras doenças psiquiátricas, como a depressão, as mulheres sofrem mais. No caso da ansiedade, o número de pacientes do sexo feminino é duas vezes maior do que os do sexo masculino”, completa. Não se sabe, entretanto, o motivo de as mulheres estarem mais vulneráveis a esse tipo de distúrbio, apenas que a fonte da ansiedade está no sistema nervoso central, quando alguns neurotransmissores deixam de atuar adequadamente, principalmente a serotonina.
Variedades
A ansiedade, entretanto, pode se manifestar de várias maneiras, havendo muitas patologias diferentes, como explica Glauco. “As fobias, a síndrome do pânico e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) também são formas de manifestação da ansiedade por terem relação com a alteração da ansiedade normal”, afirma. Dentre todas as possibilidades, a mais comum é o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Glauco explica que essa variação da ansiedade se caracteriza pelo pessimismo. “Nesses casos, o paciente tem um temor muito grande do infortúnio. Ela acha que as chances de as coisas darem errado é maior para ela, é uma ansiedade antecipatória”, relata. Segundo Glauco, a ansiedade patológica, seja ela generalizada ou de outro tipo, apresenta sintomas físicos, além de se manifestar no aspecto emocional. “A doença causa sudorese, respiração ofegante e outros distúrbios respiratórios, além de problemas gastro-intestinais e cardíacos”.
Tratamento deve ser feito com psiquiatra
Apesar de comumente ser confundida com distúrbios psicológicos, por interferir diretamente na saúde emocional do paciente, a ansiedade deve ser tratada por psiquiatras. “A ansiedade patológica é sempre uma questão médica e, portanto, deve ser tratada por um especialista. O psiquiatra pode até indicar o tratamento com outros profissionais, mas sempre com acompanhamento dele desde o início do tratamento”, afirma Glauco.
O problema é que, muitas vezes, nem mesmo o paciente admite que apresenta o distúrbio, recorrendo a outros especialistas para tratar os sintomas apenas. “Como a ansiedade provoca manifestações físicas, que incluem taquicardia, tremores, falta de ar e tontura, os pacientes recorrem a outros médicos, que acabam não diagnosticando a ansiedade, o que pode agravar o quadro devido à falta de tratamento adequado”, completa Glauco.
Não existem exames para diagnosticar a ansiedade, apenas consultas clínicas. Como a ansiedade pode estar associada a outras doenças psiquiátricas, como depressão e transtorno bipolar, é importante que o paciente se consulte logo quando surgirem as primeiras suspeitas de que esteja com o distúrbio. O tratamento, segundo Glauco, é feito, normalmente, com anti-depressivos, calmantes e psicoterapia. “A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que pode ser aplicada tanto por psicólogos quanto por psiquiatras, é a que oferece a melhor resposta para este quadro”, reforça.
De acordo com Glauco, também não é possível se prevenir da doença. “Podemos tentar evitá-la ao adquirir hábitos saudáveis, dormir bem e não se estressar, mas, muitas vezes, o paciente fica doente independente disso tudo”, comenta. Exercícios físicos não curam as crises, mas ajudam a manter o quadro estável depois de iniciado o tratamento. Ainda deve-se evitar café, chá preto, refrigerante e quaisquer outras substâncias estimulantes quando a doença for diagnosticada.