Glauco Diniz Duarte Bh – sustentabilidade e energia renovavel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, para uma energia ser sustentável ou renovável, como também é chamada, ela precisa ser obtida através de um recurso inesgotável, como é o caso do vento ou do sol.
Mas não apenas isso.
Ela ainda deve atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras.
Isso significa que um país não pode usar toda a água hoje disponível para gerar energia elétrica, pois isso comprometeria o abastecimento público muito em breve.
Outro aspecto importante para uma energia ser considerada sustentável é ela ser renovável e limpa, ou seja, sem liberação de dióxido de carbono, o famoso CO2, assim como outros gases causadores do efeito estufa.
Como é possível perceber, são muitos os “pré-requisitos” de uma energia sustentável.
Mas isso não significa que não existam fontes variadas dela, como veremos mais à frente.
Qual a importância da energia sustentável?
Conhecer as consequências do efeito estufa, que citamos há pouco, ajuda a entender a grande importância da energia sustentável para o planeta.
Porque elas atingem a todos nós, ao mesmo tempo em que geram impactos na natureza, sobre os demais seres vivos.
Você já ouviu falar sobre o aquecimento global, não é mesmo?
Trata-se de uma corrente de climatologistas que defende que a temperatura na Terra está subindo.
Em boa parte, isso se deve ao efeito estufa, cuja origem está na concentração de gases nocivos na atmosfera.
Com as temperaturas mais altas, o meio ambiente entra em desequilíbrio.
As mudanças climáticas são sentidas aos poucos. Porém, no longo prazo, a nossa própria sobrevivência acaba ameaçada.
Não que mudar toda a matriz energética para fontes renováveis seja a solução definitiva para isso, mas a medida tem grande contribuição para garantir o futuro de todos.
Por exemplo, você sabia que 40% da emissão de CO2 do mundo vem da energia produzida pela queima do carvão mineral?
E não basta parar de usar o carvão mineral para produzir energia – não sem encontrar fontes alternativas que sejam viáveis para tomar o seu lugar.
É disso que se trata o esforço de pesquisadores, empresas e governos para a promoção de energia sustentável no planeta.
Mas há outras justificativas para a importância dela. Vale citar aspectos relacionados à nossa saúde, inclusive.
Com os danos sofridos pela atmosfera, mais forte os raios solares chegam à nossa pele, o que abre caminho para o aumento no número de casos de câncer.
No Brasil, 30% de todos os tumores malignos atingem justamente e pele.
Ainda quanto à saúde, diversos problemas respiratórios podem acometer a população, sobretudo nas grandes cidades, tomadas pela poluição.
Nelas, os investimentos em mobilidade urbana devem priorizar vias e veículos menos nocivos ao ar, como é o caso do transporte público, das bicicletas e mesmo de automóveis híbridos ou elétricos, não movidos a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel.
Por fim, vale citar ainda a questão econômica.
Se você já reparou na chamada bandeira vermelha na conta de luz, sabe do que estamos falando.
Esse acréscimo no valor que você paga mensalmente se deve justamente à escassez do principal recurso natural para gerar energia atualmente: a água.
Reduzindo a dependência dessa matriz energética, o custo de geração, distribuição e consumo tende a cair sensivelmente – isso sem que seja necessário diminuir o conforto na sua casa.
Qual é a fonte de energia mais sustentável?
Não há um consenso sobre qual é a fonte de energia mais sustentável.
A ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou em entrevista para a Gazeta do Povo que a forma de energia mais sustentável para o Brasil é a hidroelétrica, devido a abundância de rios do país e ao custo de implantação das usinas.
Já este artigo, desenvolvido na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), conclui que a fonte de energia mais sustentável é a eólica, causando danos apenas a aves e morcegos dos locais onde são implantadas as hélices para captação.
Mas a energia solar também é tida como uma ótima opção, embora o seu custo de implantação seja alto.
Em uma residência, ele equivale ao investimento em um carro usado, o que torna difícil o acesso para a população em geral sem que haja um subsídio governamental para isso.
Energias Renováveis x Energias Não Renováveis
Iniciativas de incentivo à energia sustentável não faltam.
Além do que já citamos ao longo do artigo, podemos lembrar de um projeto que tramita no Senado Federal desde 2015, buscando mexer na matriz energética brasileira.
Atualmente, o PLS 712/2015 se encontra em discussão nas comissões da casa legislativa, antes de ser encaminhado à votação.
Essa preocupação se justifica não apenas para termos um futuro melhor, mas também para levar energia elétrica a tanta gente que ainda vive sem ela.
Em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas não têm eletricidade, conforme dados da ONU.
O agravante é que essa carência acontece mesmo priorizando energias não renováveis.
São aquelas que utilizam recursos esgotáveis ou não limpos.
É o caso do petróleo, do carvão mineral e de fontes nucleares, sobre as quais vamos falar mais à frente.
Conforme a ONU, um dos grandes desafios para o futuro é universalizar o acesso à energia elétrica – e isso de modo limpo, sem agredir o meio ambiente.
Essa foi uma das resoluções da conferência RIO +20, realizada em 2012, com uma preocupação que apareceu também entre as metas de energia sustentável para 2030, como mostramos no início deste artigo.
Segundo dados divulgados pelo Ministério das Minas e Energia, 43,5% da nossa matriz energética é sustentável, o que torna o Brasil um dos países que mais investe em fontes alternativas
No mundo, a média é de 14% apenas. Mas o primeiro lugar fica com a China.
Para você ter uma ideia, em 2017, o país asiático investiu 133 bilhões de dólares em energia renovável.
Tipos de Energias Sustentáveis
Vamos falar agora sobre os tipos mais comuns de energia sustentável.
Você vai descobrir entre elas fontes alternativas sobre as quais talvez nunca tenha ouvido falar.
Energia Solar Fotovoltaica
A energia solar é usada também para produzir outras energias, como a proveniente da biomassa.
Por isso, o correto, quando falamos de captação com painéis solares, é energia solar fotovoltaica.
Dessa forma, você está se referindo especificamente à captação de energia solar, sem envolver nenhum outro processo, como a fotossíntese.
A energia solar tem um custo de implantação alto, como falamos anteriormente. Contudo, ela possui alta durabilidade, sendo considerada um ótimo investimento por isso.
Mas sua utilização em larga escala esbarra em aspectos climáticos.
Acontece que a radiação do sol não atinge todo o planeta de maneira uniforme, dependendo da latitude e da estação do ano, além das condições atmosféricas, como nebulosidade e umidade relativa do ar, para uma maior absorção da radiação pelos painéis.
No Brasil, por exemplo, a tecnologia se mostra mais eficaz na Região Nordeste do que no Sul e Sudeste.
Energia Eólica
A energia eólica é gerada a partir do movimento das massas de ar (vento).
Basicamente, converte-se a energia cinética através de turbinas eólicas (ligadas aos famosos “cataventos”) para a geração de eletricidade.
O Brasil tem vantagem nessa forma de energia também.
Isso acontece graças à presença de duas vezes mais ventos por aqui do que na média mundial, além de uma volatilidade de apenas 5%, o que torna mais fácil prever a quantidade de energia que será gerada em determinado período.
Além disso, como a velocidade do vento costuma ser maior em períodos de estiagem, com a ausência de chuvas que prejudica a produção de energia hidroelétrica, é possível operar as usinas eólicas em sistema complementar.
Assim, é preservada a água dos reservatórios das hidroelétricas nesses períodos.
As regiões com maior potencial medido são Nordeste, Sudeste e Sul.
Energia Hidroelétrica
Essa é a fonte de energia mais conhecida no Brasil.
Basicamente consiste em gerar energia através do fluxo de água, aproveitando quedas d’água.
Mas aí surge uma dúvida: como ela utiliza um recurso esgotável, pode ser considerada uma fonte renovável?
Em teoria, sim – dada a gigantesca quantidade de água no planeta. Porém, esse é um tema cercado de polêmicas.
Para a construção de uma hidroelétrica, é preciso desviar o curso de um rio e formar o reservatório, que é usado em épocas de estiagem.
Como no caso da eólica, também são movimentados motores que geram energia.
Energia Geotérmica
A energia geotérmica também é conhecida como energia geotermal.
Ela é proveniente do calor do interior do planeta.
Em uma usina geotérmica, esse calor é transformado em eletricidade, que pode ser obtida através das rochas secas quentes, rochas úmidas quentes e vapor quente.
Atualmente, apenas 0,3% da capacidade global de energia provém dessa fonte.
Energia Maremotriz
A energia maremotriz é gerada por meio do movimento de marés (energia cinética) ou pela diferença entre as alturas de marés alta e baixa (energia potencial).
Essa é outra energia limpa que é pouco aproveitada, sendo usada principalmente na América do Norte e Europa.
Para tanto, é preciso construir um sistema similar ao de usinas hidroelétricas, com barragem e unidades que geram energia elétrica.
Um dos problemas é que as barragens precisam ser construídas no litoral, próximas ao mar, o que inutiliza aquela área tanto para banho quanto para pesca, afetando a economia local.
A grande vantagem é que ela não depende do clima.
Entretanto, a construção de uma usina maremotriz é cara e apresenta um nível de geração de energia baixo em comparação com outros meios.
Energia Ondomotriz
Enquanto a energia maremotriz é gerada pelas marés, a ondomotriz se dá pelo movimento das ondas.
Ou seja, ambas são provenientes do mar. Contudo, cada uma a partir de um movimento diferente.
Em alguns lugares do mundo, o vento sopra de maneira tão consistente sobre o mar que é possível garantir um comportamento contínuo das ondas, sendo possível prever a geração de energia.
Mas, assim como a maremotriz, a implantação de uma usina ondomotriz é alta e inutiliza a faixa litorânea onde for instalada.
Energia Biomassa
A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos como a combustão de material orgânico produzido e acumulado.
É possível gerar energia com ela usando temperaturas extremas para acelerar a decomposição.
O material proveniente disso são gases, óleos vegetais e carvão vegetal. Esse é o processo chamado de pirólise.
Também é possível fazer o mesmo processo sem oxigênio e em uma temperatura menor para conseguir apenas o gás, também chamado de gaseificação.
Outro processo é a combustão, no qual ela é queimada em altas temperaturas e com muito oxigênio, produzindo vapor em alta pressão.
Um último processo é a co-combustão. Nele, se substitui parte do carvão mineral das termoelétricas por biomassa.
É um processo parcialmente sustentável, uma vez que ainda usa carvão mineral.
A vantagem da biomassa é que é um material barato e os gases liberados não contribuem para o efeito estufa.
Contudo, acaba gerando desflorestamento e destruição de habitats naturais para sua extração.
Tipos de Energia Não Sustentáveis
Agora, vamos falar dos tipos que não se enquadram como energia sustentável, mas são utilizados no processo de geração.
Energia Nuclear
A energia nuclear é aquela liberada através do núcleo dos átomos.
Quando uma energia externa é aplicada, o núcleo do átomo é desintegrado, emitindo calor e radiação.
O urânio, em função de suas características químicas, é o elemento utilizado para a geração de energia nuclear nas usinas atômicas.
Apesar de ser considerada uma energia limpa, pois não polui o planeta, ela não é renovável, pois o material utilizado para ela é finito.
Devido a isso, ela não pode ser considerada sustentável.
Vale ressaltar que o lixo radioativo deve ser armazenado em local adequado. Caso contrário, a contaminação é extremamente perigosa.
Carvão mineral
O carvão mineral é uma rocha sedimentar de origem fóssil, ou seja, formada a partir da sedimentação de resíduos orgânicos
Ele é encontrado em jazidas localizadas no subsolo terrestre e extraído pelo sistema de mineração.
Ao ser queimado ele libera uma alta quantidade de energia, por isso, ainda é muito usado nas termoelétricas.
Mas a sua queima contribui para o efeito estufa.
Além disso, por se tratar de um material que é extraído do solo, ele também é finito, não sendo uma fonte renovável nem limpa
Petróleo
O petróleo não é usado somente como combustível fóssil, mas também aparece na geração de energia elétrica.
Para isso, derivados dele são queimados em caldeiras, turbinas e motores de combustão interna.
Geradores a diesel, inclusive, são comuns em comunidades que não possuem acesso a rede de energia.
Energia sustentável como oportunidade de negócio
Investidores, gestores e estudantes de administração devem olhar para o tema energia sustentável com especial atenção.
Os recentes aportes da China em fontes alternativas, como já citado, são um sinal de que o mercado é promissor.
No Brasil, também o setor de energia sustentável vem crescendo de forma acelerada, muito em razão da expectativa de aumento de 20% na demanda nas próximas três décadas.
Vale ainda citar um estudo do Brookings Institute, nos Estados Unidos.
A publicação aponta que a energia sustentável cria até três vezes mais empregos do que os combustíveis fósseis – e os salários são 13% maiores do que a média nacional.
Se você busca uma recolocação profissional e olha para as profissões do futuro, considere aprender mais sobre energia sustentável.
Uma opção é a pós-graduação em Gestão de Negócios em Energia Elétrica, oferecida pela Fundação Instituto de Administração (FIA).