Você deve já deve ter percebido que é muito grande a preocupação que existe na sociedade com a geração de energias limpas e renováveis. Neste contexto, a energia solar fotovoltaica teve um extraordinário desenvolvimento nos últimos anos.
Estamos falando da energia que é gerada por usinas termossolares e placas ou painéis fotovoltaicos em prédios e residências. Não confundir com a energia solar térmica, que usa o sol para aquecimento de água.
Os painéis fotovoltaicos produzem a chamada microgeração de energia distribuída ou descentralizada.
Conforme resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a microgeração tem potência instalada menor ou igual a 75 kW. Minigeração é aquela superior a 75 kW.
Essa tecnologia vem crescendo fortemente no Brasil e no mundo. Os painéis fotovoltaicos são vistos cada vez com mais frequência, nos telhados ou em qualquer lugar onde tenha luz do sol.
Veja como funciona a geração de energia fotovoltaica numa casa
O painel solar reage com aluz do sol e produz energia elétrica (fotovoltaica). Quanto maior a intensidade da luz solar, maior o fluxo da eletricidade;
Um inversor solar converte a energia solar dos painéis fotovoltaicos (Corrente Contínua) em energia elétrica que pode ser usada em qualquer equipamento da sua casa ou empresa (Corrente Alternada);
A energia que sai do inversor solar vai para o “quadro de luz” e é distribuída para a casa ou empresa. Diminui, assim, a quantidade de energia comprada da distribuidora;
A energia solar pode ser usada para TVs, aparelhos de som, computadores, lâmpadas, motores elétricos, ou seja, tudo aquilo que usa energia elétrica e estiver conectado na tomada;
O excesso de eletricidade gerado é mandado para a rede elétrica através do relógio de luz luz bidirecional;
Essa energia solar excedente que vai para a rede distribuidora vira “créditos de energia” com a concessionária, para serem utilizados de noite ou nos próximos meses.
É isso mesmo:
O consumidor ainda pode receber créditos pela geração extra que o seu sistema solar produzir. Aqui você pode saber mais sobre a regulamentação dos créditos de energia solar.
Mas agora vem a melhor parte:
A tendência é que essa matriz energética continue ganhando mais e mais espaço, por muito tempo ainda.
Está aí uma grande alternativa para a construção civil, especialmente numa época de crise, para reduzir custos, alcançar a eficiência energética e a sustentabilidade.
Os painéis fotovoltaicos estão sempre presentes, por exemplo, nas comunidades e loteamentos planejados e nas coberturas ecológicas.
Afinal, estamos falando de uma fonte limpa, abundante e interminável de energia.
Projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que a participação da energia solar fotovoltaica (ESF) na matriz elétrica nacional deverá atingir 10% em 2030, ante os atuais 0,27%. E poderá ser ainda maior.
E agora vou explicar a você o porquê:
O avanço da energia solar acontece pelos seguintes motivos:
A busca por energias limpas, diante da campanha mundial pela diminuição das emissões dos combustíveis fósseis.
A redução de 75% nos custos da energia solar fotovoltaica nos últimos 10 anos.
O aumento de mais de 50% nas tarifas de energia elétrica nos últimos dois anos.
A grande economia que o sistema traz para os consumidores.
Tem mais.
Ela apresenta como principais vantagens:
Redução da emissão de CO2 de geração de energia.
Melhoria da pegada de CO2 da unidade consumidora.
Independência dos aumentos na conta de energia elétrica.
Valorização acentuada do imóvel.
Redução da sobrecarga nas linhas de distribuição e aumento da eficiência elétrica.
Criação de empregos desde a produção dos equipamentos, transporte, projeto, comercial e instalação.
Temos aqui um bom material para você sobre eficiência energética e redução de custos.
Agora, veja este dado impressionante:
Em 2017 a energia solar bateu todos os recordes no mundo
A informação é de um relatório da ONU, divulgado dia 05 de abril último. Ele diz: “O setor de energia solar dominou como nunca antes a nova capacidade de geração elétrica em 2017”.
Ano passado, foi instalado no mundo um recorde de 98 gigawatts (GW) de nova capacidade solar. Isto significa um aporte mais alto que o de todas as demais tecnologias juntas!
As outras fontes renováveis agregaram 59 GW em conjunto, as usinas de carvão, 35 GW, as de gás, 38 GW, as de petróleo, 3 GW, e a energia nuclear contribuiu com 11 GW de capacidade de geração.
Incrível, não é? Mas tem mais:
Foram 160,8 bilhões de dólares em investimentos ano passado
A energia solar também atraiu muito mais investimentos: 160,8 bilhões de dólares, ou seja, 18% mais na comparação com o ano anterior, e mais que qualquer outra tecnologia.
Ela recebeu 57% do investimento total do ano para todas as energias renováveis, excluindo as grandes hidrelétricas — 279,8 bilhões de dólares.
Erik Solheim, diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, avisa quem ainda não acordou para essa realidade:
“O aumento extraordinário do investimento solar mostra como o mapa de energia global está mudando e, o que é mais importante, quais são os benefícios econômicos dessa mudança”, disse.
A essa altura, você deve estar querendo saber como está a ESF no Brasil.
Olhe que interessante este índice do último ano:
Painéis fotovoltaicos impulsionam crescimento de 407% da energia solar
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia solar cresceu 407% em um ano no Brasil devido, principalmente, aos painéis fotovoltaicos instalados nas edificações.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostra um enorme potencial da ESF para os empreendedores da construção civil.
Eis aqui os dados da Absolar sobre o setor:
A microgeração e minigeração distribuída a partir da fonte solar fotovoltaica no país ultrapassou os 200 megawatts (MW) de potência instalada, de acordo com a Aneel.
Os sistemas solares fotovoltaicos instalados em residências, comércios, indústrias, prédios públicos e na zona rural representam 99% das instalações de microgeração e minigeração distribuída no País.
Os consumidores residenciais lideram o uso da energia solar fotovoltaica, com 41,1% da potência instalada no país.
Eles são seguidos por empresas dos setores de comércio (40,5%), indústrias (8,4%), consumidores rurais (4,7%) e poder público (4,6%);
Completam a lista iluminação pública (0,3%), serviços públicos (0,2%) e consumidores do poder público (1%).
Em números de sistemas fotovoltaicos instalados, os consumidores residenciais também estão no topo da lista, representando 78%%.
Em seguida, aparecem as empresas dos setores de comércio (16%), consumidores rurais (3%), indústrias (2%), e outros tipos, como iluminação pública (0,7%) e serviços públicos (0,03%).
O Brasil possui hoje 20.266 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, somando mais de R$ 1,4 bilhão em investimentos acumulados desde 2012.
E o mais incrível:
Se aproveitarmos somente os telhados de residências e instalarmos sistemas fotovoltaicos, a geração de energia seria 2,3 vezes a necessária para abastecer todos os domicílios do país.
Você também vai achar isso muito interessante:
Alívio da sobrecarga da rede elétrica é uma contribuição importante da ESF
É importante conhecer alguns detalhes técnicos. As placas são painéis constituídos de vidro, alumínio e dispositivos semicondutores como o silício.
Eles podem ser usados de forma isolada ou interligados à rede elétrica.
Isolados da rede elétrica, os sistemas fotovoltaicos precisam de outros componentes, como as baterias, que durante o dia armazenam a energia para ser usada à noite. É uma boa solução para regiões muito remotas, casas, povoados, ilhas, distantes das linhas de transmissão.
Mas 95% dos sistemas de painéis fotovoltaicos são interligados à rede elétrica. Neste caso, as placas fotovoltaicas fornecem a energia durante todo o dia e somente à noite utiliza-se a eletricidade da concessionária.
Com isso, alivia-se consideravelmente a sobrecarga da rede nas horas de maior consumo.
Capacidade de produção muito maior que Itaipu
O engenheiro eletrônico gaúcho Luiz Maccarini é um entusiasta e divulgador no Rio Grande do Sul, há muitos anos, da energia produzida pelos painéis fotovoltaicos.
Ele explica que cada metro quadrado de placa fotovoltaica gera aproximadamente 10 kWh de energia por mês. Isto significa que em dois metros quadrados se gera 20 kWh/mês, que é o equivalente ao consumo de uma geladeira.
Para demonstrar a alta capacidade de produção da ESF, Maccarini faz uma comparação com a usina de Itaipu, que produz 25% da energia do país.
Segundo ele, placas fotovoltaicas instaladas numa área equivalente ao lago de Itaipu seriam suficientes para suprir mais da metade da demanda energética nacional!
Além disso, acentua Maccarini, na produção descentralizada da ESF não existe a perda que ocorre nas linhas de transmissão, estimada em 18% no país. É uma grande contribuição para a eficiência energética, que tanto se busca.
Mais uma possibilidade que ele destaca para a ESF são locais, como os estacionamentos, para recarga de veículos elétricos, outra tendência mundial que vem aí.
Crescimento abre oportunidades de negócios
Bem, com todas essas vantagens, e ainda a queda nos custos, abriu-se uma grande janela de oportunidade para os negócios. E já tem muita gente se ligando nisso.
Vou apresentar a você dois exemplos.
O tecnólogo em automação industrial e empresário Thiago Lucena entrou no ramo há pouco mais de um ano. Segundo ele, com essa tecnologia, o consumidor pode reduzir em até 95% a sua conta de luz.
Lucena é professor universitário, conheceu o mercado europeu e identificou que a ESF tinha adquirido grande proporção no velho continente. Começou a trabalhar com isso em 2016 e constituiu, com mais dois sócios, uma empresa de projetos e instalação de sistemas fotovoltaicos.
“Este é um mercado que, além da economia que traz ao cliente, representa a sustentabilidade, é o futuro acontecendo”, afirma.
Com pouco tempo de existência, a empresa dele já atua na Serra gaúcha e Região Metropolitana de Porto Alegre, com projetos importantes.
Implantou em Canoas, por exemplo, um sistema numa indústria de alimentos que é um dos maiores já instalados no Estado. E tem outro para ser implantado em Caxias do Sul que vai ser o maior de toda a região.
Viabilidade, liquidez e valorização dos empreendimentos na construção civil
Nos contatos com o setor da construção civil, o empresário destaca três fatores: a viabilidade, pela redução dos custos, a liquidez e a valorização que os sistemas fotovoltaicos trazem para os empreendimentos.
Estudos na Europa mostram que uma residência sustentável na captação de água ou com energia solar, tem até 30% de valorização em relação às demais. Da mesma forma, imóveis com energia solar são negociados de forma muito mais rápida, garante.
É muito levado em conta nos empreendimentos, também, a possibilidade da redução dos valores de condomínio com a diminuição da conta de luz. Em muitos casos, a ESF é utilizada para a energia consumida nas áreas de uso comum, por exemplo.
Retorno do investimento é rápido
Enquanto a tarifa de luz é um valor “morto”, com essa alternativa em poucos anos o investidor se torna o dono da energia que consome.
Na área urbana, para o comércio e a indústria, Lucena diz que em quatro ou cinco anos o sistema se paga. Numa residência, em seis anos. Na área rural, em sete ou oito anos o retorno já é de 100%.
Aqui temos uma sugestão de material para o empreendedor da construção civil analisar cenários, tomar decisões e realizar a gestão de custos da sua obra.
É a energia a moda
Já o engenheiro Nilo Muñoz, formado há dois anos pela Ufrgs, está constituindo uma empresa com dois colegas para atuar na área.
Ele faz parte de um grupo do Sebrae que opera com empresas de energia. Também trabalha numa empresa que fabrica componentes para o setor. Assim, está vendo de perto o grande crescimento dos negócios nessa área.
Muñoz destaca que projetos de condomínios do programa do governo federal Minha Casa Minha Vida, por exemplo, já estão vindo com a energia solar para as áreas comuns.
O engenheiro cita como motivos adicionais para esses investimentos aumentarem a confiabilidade e a segurança do sistema, que tem garantia de 25 anos para os equipamentos.
Ressalta ainda a economia de escala. O custo por kW instalado no Brasil anda em torno de seis a sete mil reais e quanto maior o projeto, menor o custo por kW e mais rápido o retorno do investimento.
“É a energia da moda, há todo um esforço da parte acadêmica e do mercado de melhorar a conversão de energia, melhorar os equipamentos e baixar os custos”, resume.
De fato, o desenvolvimento de novas tecnologias no setor não para. Pesquisadores estão desenvolvendo tintas solares, inclusive, capazes de converter a luz do sol em energia, como fazem os painéis fotovoltaicos.
Um país tropical, com muito sol
Além disso tudo, tem o óbvio: no Brasil, um país tropical, o que não falta é a “matéria-prima”: muito sol o ano todo.
Veja a comparação do Brasil e Europa nos mapas de irradiação solar.
Conclusão
Enquanto o potencial hidrelétrico nacional é de 170 Gigawatts (GW) e o eólico é de 440 GW, o potencial técnico solar fotovoltaico no Brasil supera 28.500 GW. É maior do que o de todas as demais fontes combinadas.
A título de comparação, a matriz elétrica brasileira atual possui 155,6 GW de capacidade instalada total, somando todas as fontes de geração.
Por fim, a cereja do bolo:
Segundo a Absolar, para cada MW de ESF instalada por ano, são gerados de 25 a 30 novos postos de trabalho qualificados.
Você pode acreditar:
Esta é a energia que, junto com a eólica e outras energias limpas, vai dominar o século XXI. Tem possibilidades, para todo mundo, basta planejamento, estratégia.
E olha que curioso:
A humanidade começou queimando a madeira, transitou do carvão para o petróleo, passou pelas hidrelétricas, criou a energia nuclear e acaba, agora, descobrindo o fantástico potencial do velho e bom sol como fonte de energia.