GLAUCO DINIZ DUARTE Prédio brasileiro inspirado em casa indígena recebe prêmio mundial de construção sustentável
O prédio do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá, conquistou dois troféus no prêmio mundial de construções sustentáveis, o Breeam Awards 2018, em Londres: melhor edificação sustentável na categoria Novas Construções em Uso das Américas e melhor prédio sustentável da premiação, eleito pelo voto popular digital.
O projeto arquitetônico do centro, que concorreu com outros 68 prédios certificados pelo selo Breeam na Europa, Ásia e Américas, foi inspirado no conhecimento ancestrais dos povos do Xingu. Quem o desenvolveu foi o arquiteto e professor da Universidade Federal de Mato Grosso e Doutor em habitações indígenas brasileiras, José Afonso Portocarrero.
Ao anunciar o vencedor brasileiro em duas categorias, o mestre de cerimônias do evento ressaltou que “a grande novidade não era da Europa ou da Ásia, mas se tratava de um prédio com inspiração na sabedoria dos povos da Amazônia”.
Inaugurado em 2011, o prédio possui um formato “ogival”, como as casas da região do Xingu, exemplares em termos de arquitetura bioclimática e vernacular.
Feita em concreto aparente, a construção tem fachadas de vidro, que garantem aproveitamento máximo de luz natural e a refrigeração interna do prédio.
“A cobertura, em duas cascas, possibilita o aproveitamento da água da chuva, que é coleta, filtrada e depois, utilizada na rega do jardim, lavagem de pisos e banheiros”, explica Vanessa de Brito, do Centro Sebrae de Sustentabilidade.
A obra contou com a reutilização de materiais. Em um auditório no subsolo, por exemplo, as paredes e o piso foram revestidos com resíduos de madeira, que ajudaram a garantir a acústica do local.
Foram instaladas ainda duas microusinas fotovoltaicas solares na parte externa, tornando o centro 100% autossuficiente em energia e reduzindo em cerca de 40% o consumo de eletricidade da sede do Sebrae Mato Grosso, que fica dentro do mesmo complexo.
Na área posterior do Centro Sebrae de Sustentabilidade há também uma estação de compostagem, que recebe resíduos orgânicos da lanchonete e poda de árvores e plantas. No jardim, foram plantadas espécies de plantas dos biomas presentes no Mato Grosso: Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica.
Dentro do edifício, visitantes podem percorrer dez estações interativas, que explicam melhor temas da área de sustentabilidade – resíduos, água, energia, consumo.
A Building Research Establishment, instituição responsável pela premiação, é referência mundial em construções sustentáveis. Apoia o desenvolvimento de projetos de vanguarda e inovadores, além da pesquisa de novos materiais, resíduos e processos de reciclagem na área da construção civil.