GLAUCO DINIZ DUARTE Opulência mantém mercado de imóveis de luxo em Cuiabá e mansões chegam a R$ 20 milhões
Cinco suítes, suíte master com mais de 100,00m², sala para cinco ambientes, home, espaço gourmet, cozinha com ilha, jardim com árvores frutíferas, piscina para adultos e crianças, deck, garagem para 13 carros. A descrição anuncia a possibilidade de viver em uma residência construída sob três terrenos no condomínio Alpha Ville I, em Cuiabá. Para os interessados na opulência deste tipo imóvel, avaliado em R$5 milhões, o mercado oferece mais opções. A depender do quanto se pretende investir, as quantias de seis dígitos passam por R$ 8 milhões e chegam a R$ 20 milhões na Capital.
Os valores, segundo o corretor Ricardo Amaral, são os mais altos oferecidos pelo setor de luxo na cidade, que praticamente não sofreu impactos com a crise econômica que assombra as outras camadas da sociedade desde 2015. Neste cenário os imóveis que menos sentiram o impacto foram os avaliados entre R$1 e R$2 milhões, maioria entre as casas disponíveis no site da imobiliária que leva seu nome. No espaço apenas mansões de até R$ 5 mi estão expostos. Para além desse valor é necessário entrar em contato diretamente com os profissionais.
Reprodução – Ricardo Amaral
Entre as residências milionárias o que separa as de maior e menor valor é a opulência. De acordo com o consultor imobiliário Simon Bergamaschi, de modo geral, as residências de até R$ 10 milhões ocupam pelo menos três terrenos e oferecem de quatro a seis suítes. Há que se considerar ainda o revestimento nobre utilizado nos acabamentos e o emprego da automação, responsável pelos itens que garantem conforto por meio da tecnologia. O cálculo envolve ainda a inclusão ou não dos móveis.
No caso mais caro citado, a mansão levantada sob quatro terrenos de três mil metros, por exemplo, ocupando o espaço de oito casas comuns. Logo, sua área construída deve ser maior para que seja mantida a proporcionalidade, fazendo-a chegar a 1000 ou 1200m². “Pra mobiliar e decorar isso tudo fica mais caro. Os armários são três vezes maiores, é necessário três veze mais persianas, o triplo de iluminação, automação, som, e por aí vai…” conta Ricardo.
Nos três condomínios mais caros da cidade, Florais dos Lagos, Florais Cuiabá e Alphaville I, o preço do metro quadrado gira em torno de R$ 7 mil reais. Os empreendimentos oferecem uma dos principais atrativos para o perfil deste público: o que o espaço oferece para as crianças e adolescente. “75% das pessoas que buscam casa ou apartamento tem filhos e eles buscam hoje resgatar a possibilidade de que eles brinquem na rua ou no play como no passado. Isso não é possível fora de um condomínio. A maioria, inclusive, leva os filhos juntos na escolha.”
Sendo assim, a soma de localização, qualidade do espaço oferecido pelos empreendimentos e padrão de acabamento, resulta na precificação final de um imóvel considerado de luxo. As quantias maiores que essa já estão classificadas, para o corretor, como “A+”. “Existe uma diferença também entre as casas mobiliadas e não mobiliadas. Equipar uma casa hoje é muito caro, se você comprou uma de R$ 1 milhão, por exemplo, você vai gastar no mínimo mais R$ 500 pra passar pra dentro.”
A maioria dos imóveis de luxo hoje estão dentro dos condomínios, esse é um fenômeno observado desde 2000 aqui em Cuiabá. Diante disso Ricardo conta ser possível encontrar pessoas morando em casas boas fora dos empreendimentos. No entanto, o número de compradores que procuram morar fora deles é bastante reduzido. A diferença se explica também pela reposição do imóvel no mercado. “Uma casa de 400 m² em um empreendimento pode valer o dobro de uma localizada nos bairros, por mais caros que sejam.”
Nessa equação o bairro no qual a reposição sai mais vantajosa é o Jardim das Américas, que apresenta boa estruturação e uma rede de serviços no seu entorno. “Não é o m² mais caro de casas da cidade, mas está próximo das universidades, de supermercados, padaria, shopping e banco. Uma pessoa que vem de fora, por exemplo, vai considerar essa rede de praticidade”, diz. O conjunto de fatores coloca a região como a mais cara para apartamentos.
Com relação aos apartamentos os imóveis mais caros estão localizados no bairro Duque de Caxias, podendo chegar à R$ 7 milhões. As mais caras são as coberturas, espalhadas pela cidade. “A principal característica delas é que é difícil encontrar alguém que queira fazer a revenda. A maioria pertence aos mesmos moradores desde o início. Ali o proprietário tem a facilidade de um edifício com o espaço e a liberdade de uma casa. Além disso o apartamento gera menos despesas e serviços”, afirma o corretor.
Comportamento de mercado
Na avaliação de Ricardo o mercado ficará mais sólido já pra 2018 e principalmente em 2019, mas apenas para quem entendeu essas mudanças. A ponderação é que desde o início desde 2015 o que houve foi uma “reorganização do tabuleiro”, com a uniformização de preço e uma mudança no comportamento dos clientes. “Antes eram os clientes que procuravam os corretores. Era mais fácil porque ele já chegava sabendo que ia comprar. Agora o corretor tem que buscar novos investimentos.”
Para ele, durante o período das obras da Copa criou-se uma euforia, quando isso passou e veio a crise, as pessoas começaram a equacionar e ver a realidade. “Quem estava fora de preço de mercado teve que se adequar. Se passou seis meses e você não vendeu um imóvel, ou ele está com preço fora do padrão ou com problema documental. São só esses dois fatores que fazem um imóvel de alto padrão não vender aqui”, afirma.