GLAUCO DINIZ DUARTE – Conheça alguns dos prédios mais ‘inteligentes’ do Brasil
A tecnologia e a aplicação dos recursos tecnológicos não estão voltadas apenas para a produção de novos gadgets e computadores mais poderosos. Muitas das soluções mais modernas disponíveis no mercado já estão sendo empregadas na construção civil, para levantar edifícios inteligentes e sustentáveis.
Quando falamos em prédios inteligentes, falamos na convergência de tecnologias e também do gerencimento de insfraestrutura em edifícios. Isso significa aplicar soluções de gerenciamento de TI para manter, melhorar a eficiência e reduzir os gastos como, por exemplo, com energia elétrica.
O conceito dos prédios inteligentes e sustentáveis já está saindo dos países considerados ricos e chegando até o solo brasileiro. Com recursos avançados de tecnologia e manutenção, assim como os prédios estrangeiros, os nacionais visam tornar sua manutenção mais econômica e reduzir seu impacto ambiental.
“Depois que nós assinamos o contrato do terreno, nos foi passada a missão de construir o prédio que continuaria sendo o mais moderno dez anos depois de construído. Para servir de exercício, a gente tinha que pensar no que seria um prédio moderno no futuro. E na época, nós elegemos quatro adjetivos que deveriam estar presentes em todos os projetos para sua concepção”, afirmou Luiz Fernando Bueno, diretor de obras de terceiros da Gafisa, responsável pela construção do empreendimento Eldorado Business Tower, localizado em São Paulo.
Entre os adjetivos determinados para a construção da obra estava sua capacidade de ser altamente conectado, com sistemas, câmeras, computadores etc; flexível, para aplicação de modificações em sua obra; moderno e, acima de tudo, ecologicamente correto.
O Eldorado Business Tower começou a ser construído em 2006 e se tornou uma das principais referências em prédios inteligentes no Brasil. Bueno ressalta que para conseguir concluir o projeto, a construtora buscou tudo que havia de mais moderno no mundo em termos de materiais e equipamentos, algo que ainda não tínhamos no nosso país.
“Um exemplo que gosto de dar é o do vidro da fachada. Hoje, já é normal para qualquer empreendimento, mas na época não era. O vidro verde que utilizamos deixa passar 70% da luz e apenas 28% do calor. Então, você pode economizar na iluminação, dar um conforto muito maior para o usuário e economizar no ar condicionado, que é o maior vilão na conta de energia elétrica de qualquer empreendimento”, explicou o diretor de obras da Gafisa.
O vidro verde custa praticamente o dobro do valor de um vidro convencional, mas os benefícios de economia e conforto para os funcionários que trabalham no Eldorado Business Tower compensam seu custo. Com o vidro, a construtora economizou também não tendo que instalar mais de 600 aparelhos de ar condicionado nas janelas, por exemplo.
Como o assunto é o ar condicionado do empreendimento, a construtora utilizou um sistema fabricado no Japão, que economiza energia e permite o controle individual de temperatura, ou seja, ao invés de ter um controle central, cada sala pode determinar a melhor temperatura.
“O sistema de ar condicionado japonês era lançamento na época e a sua grande diferença em relação ao sistema de central de água gelada, é que ele é segmentado. Você não tem uma grande central única e seu rendimento é calculado a partir de dois equipamentos ligados, o que, consequentemente, no período de maior utilização do ano, eu tenho uma maior eficiência do que a central de água gelada”, ressaltou Luiz Fernando Bueno.
Além disso, o empreendimento do Eldorado é equipado com modernos elevadores, que também reduzem o consumo de energia elétrica, pois foram desenvolvidos utilizando um sistema regenerador de energia. Com isso, a cada chegada e partida do elevador, ele gera energia a partir de um dinâmo, fazendo a compensação de um elevador para o outro, ou seja, quando um está acelerando e o outro freando, o que está freando gera energia para o que está acelerando. Esse mecanismo é capaz de economizar de 40% a 50% na energia usada com os elevadores.
E ainda no quesito sustentabilidade, o prédio possui sistemas de coleta e tratamento da água da chuva e da água eliminada pelo sistema de ar condicionado. Essa água de reuso é empregada no espelho d’água que fica localizado na entrada do prédio e nos vasos sanitários. Os banheiros, por sua vez, são equipados com descargas dual-push, que liberam apenas 1,5 litro para a lavagem do vaso quando da presença de detritos líquidos e liberam 6 litros para eliminação de detritos sólidos.
O Eldorado Business Tower ainda foi um dos primeiros prédios da América Latina a receber o certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria Platinum. O certificado expedido pelo U.S. Green Building Council, dos Estados Unidos, avalia todos os recursos sustentáveis empregados no prédio.
Torre Santander
Seguindo a tendência mundial, o Grupo Santander abrigou sua sede na cidade de São Paulo em um prédio inteligente e sustentável, garantindo conforto e praticidade para os seus funcionários.
De acordo com informações divulgadas pela assessoria de imprensa da empresa, a Torre é equipada com diversos recursos tecnológicos que se destacam e ajudam na manutenção do prédio como o sistema de operação e monitoramento remoto de todas as instalações prediais, incluindo iluminação, sistema de ar condicionado e sistema hidráulico. Os sanitários do edifício possuem sistema a vácuo e, assim como o Eldorado, o prédio possui um sistema de reaproveitamento da água da chuva e do sistema de drenagem do ar condicionado.
As salas do prédio ainda possuem um sistema de controle de emissão de gás carbônico (CO2), um dos principais vilões do aquecimento global e também do buraco na camada de ozônio. Outro recurso interessante do edifício é o sistema de compostagem de lixo orgânico, que transforma todo o lixo produzido pelos funcionários em adubo. Ao todo são transformados 500 kg de lixo em 120 kg de biomassa diariamente. Esse produto é retirado por uma empresa terceirizada e destinado para fazendas no interior paulista.
A Torre possui algumas ferramentas que viabilizam o gerenciamento dos equipamentos e também da economia de energia elétrica, principalmente. Os funcionários marcam o início e o fim de sua jornada de trabalho com um ponto eletrônico interligado ao seu computador, que quando o empregado finaliza seu período de trabalho, o sistema automaticamente desliga o PC e também o ‘usuário’.
Além do uso de vidros verdes, que aumentam a penetração da luz solar em até 70% sem interferir no aquecimento do ambiente, as persianas das salas também são equipadas por um mecanismo que direciona a iluminação externa para o teto, aumentando a incidência de luz natural.
Os conceitos de sustentabilidade também foram empregados na criação de um programa de carona entre os funcionários, intitulado ‘Carona Amiga’. Hoje, o projeto conta com mais de 700 funcionários cadastrados e o prédio possui um bicicletário, munido de vestiários, toalhas, xampus e sabonetes para os empregados que optarem por esse meio de transporte.
A empresa ainda disponibiliza fretados e vans entre as sedes do Santander e as estações de metrô da região. Estima-se que com isso exista a redução de mais de mil veículos circulando pelas ruas da cidade todos os dias.
Como não podia deixar de ser, a Torre Santander também recebeu a certificação LEED e o ISO 14001, norma esta que estabelece todos os recursos necessários para a gestão ambiental de um negócio, prédio ou empresa.
Tanto o Santander como a Gafisa já trabalham na criação de outros edifícios sustentáveis e inteligentes em nosso país. Ao que tudo indica, a tendência para o futuro é a criação de edifícios com muitos recursos tecnológicos, eficientes e capazes de gerar benefícios tanto para os seus usuários como também para a cidade onde estão localizados.