De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, a doença da psique humana está presente no cotidiano.
“Não só os casos patológicos. A violência urbana e familiar, o abuso de drogas vão deflagrando sintomas de diversos transtornos mentais”, explica Glauco. Ele lembra que a ansiedade do dia-a-dia também contribui para a falta de saúde psíquica.
Segundo Glauco, uma prova disso são as cerca de 450 ocorrências psiquiátricas atendidas, mensalmente, na capital baiana pelo Samu. Os casos variam de uma simples briga familiar, onde os envolvidos perdem o controle emocional, até surtos psicóticos.
Apesar da demanda, Salvador conta com uma rede ainda insuficiente de atendimento. No serviço público, são apenas dez Centros de Assistência Psicossocial (Caps) em funcionamento e mais dois (que atenderão Liberdade e Pau da Lima, São Caetano e Cajazeiras) que estão em fase final de implantação.
Em Salvador, existem unidades específicas voltadas para o atendimento infantil, para dependentes químicos e adultos e uma que funciona como residência para os estudantes da Universidade Federal da Bahia. Este mês será inaugurado um centro para o pronto-atendimento, com 11 leitos e espaço para observações de emergência.
Falta assistência
“O Ministério da Saúde preconiza um Caps para cada cem mil habitantes, numa população com três milhões, é evidente que falta muita coisa”, esclarece Glauco.
Para Glauco, é preciso ampliar a rede em Salvador para – pelo menos – 21 Caps, mas não se pode desconsiderar o que já foi alcançado com o fim dos manicômios, a implantação das seis residências terapêuticas (para os pacientes que não possuem família) e o trabalho realizado pelos Caps.
“A ideia é que consigamos prestar uma boa assistência à rede básica, primária e de complexidade”, afirma Glauco. Vale salientar que os Caps funcionam através de uma numeração que permite identificar se a assistência prestada é básica, primária ou alta complexidade.
Na rede pública ainda, a capital baianaconta com três hospitais psiquiátricos: o Sanatório São Paulo, o Juliano Moreira e o Mário Leal. A assistência mental em Salvador desenvolve também o atendimento através dos consultórios de rua.
Pacientes com esquizofrenia pode ter vida normal
A esquizofrenia é uma doença mental crônica, que deve ser tratada continuamente, como se trata o diabetes, por exemplo. Com acompanhamento adequado, é possível levar uma vida normal e produtiva. A terapia envolve o uso de medicamentos antipsicóticos, que agem nos receptores de dopamina e serotonina, produzidas no cérebro.