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Tripofobia: conheça o transtorno das pessoas que têm medo de buracos

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, pela internet afora, um número crescente de pessoas tem relatado um incompreensível medo de buracos. Pode parecer brincadeira, mas os que sofrem com a fobia podem chegar a ter um ataque de pânico apenas ao observar uma imagem que mostre uma série de buracos.

Por esse motivo, destaca Glauco, o transtorno ganhou o nome de “tripofobia”, que é a junção da palavra fobia (que vem do grego phóbos e significa medo) com o prefixo tripo (do grego trypo, que significa perfurar ou fazer buracos). De acordo com o Glauco, a condição consiste em um “tipo estranho de fobia e pode ser generalizada como um medo de padrões geométricos. Estamos falando especificamente de padrões criados pela natureza”.

Até então, não se acreditava que a aversão a buracos pudesse ser uma fobia. Uma prova disso é que o transtorno ainda não foi listado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porém, recentemente um estudo realizado pelos cientistas Geoff Cole e Arnold Wilkins, ambos da Universidade de Essex, procurou explicar as origens desse medo.

Medo de buracos
Glauco diz que para entender de onde vem o medo de buracos, os pesquisadores basearam sua pesquisa nas imagens divulgadas no site Trypophobia.com. A partir daí, eles concluíram que não é exatamente dos buracos que as pessoas têm medo e sim da associação mental que elas fazem entre os buracos e um possível perigo. Isso fez com que Cole e Wilkins passassem a investigar qual é o tipo de perigo que os portadores desse transtorno sentem.

O site que serviu de base para o estudo aponta que os tripófobos sentem medo de “agrupamentos de buracos na pele, carne, madeira, plantas, corais, esponjas, sementes e favos de mel”, além de conter imagens de uma série de objetos que também não são toleradas por algumas pessoas.

A página ainda explica que as pessoas que sofrem com essa fobia podem apresentar reações como formigamentos, tremedeiras, coceiras e sentir náuseas ao se deparar com imagens inadequadas. Também existem registros de salivação intensa, suor repentino e aumento do ritmo cardíaco. Em casos extremos, fotos que apresentem padrões geométricos com buracos podem até mesmo desencadear uma crise de pânico.

Cientes de tudo isso, os cientistas analisaram as imagens divulgadas no site para tentar entender o que desencadeia o medo. Eles concluíram que as imagens compartilham algumas características, mas elas não revelam nenhum denominador comum.

A origem do medo
Glauco diz que um dos participantes do estudo revelou aos pesquisadores que imagens do polvo-de-anéis-azuis também desencadeavam seu medo.

A partir daí, Cole mostrou ao homem outras imagens de animais venenosos e descobriu que eles causavam as mesmas reações. Ao analisar as imagens dos animais, o especialista descobriu que elas guardavam algumas semelhanças com as imagens do site.

Essa proximidade entre as fotografias levou Cole e Wilkins a concluir que a tripofobia desencadeia um medo do perigo. Os buracos, ou apenas a imagem deles, estimulam “uma porção primitiva do cérebro que associa a imagem a algo perigoso”. Em geral, as pessoas são capazes de reconhecer situações em que não há qualquer perigo, mas para os que sofrem com a fobia, trata-se de um reflexo inconsciente que resulta em reações que não podem ser controladas.

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