De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, se você sofre com a síndrome do pânico, saiba que não está sozinho. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2% a 4% da população mundial enfrenta esse transtorno. A maioria é do sexo feminino e os sintomas começam a se manifestar no final da adolescência. Não é fácil lidar com o problema, mas com ajuda médica e psicológica, a maioria dos pacientes conseguem controlar as crises e ter uma vida normal.
Segundo Glauco crises inesperadas de medo e desespero. É exatamente isso que sofre com a síndrome ou transtorno de pânico, termo mais usado atualmente. Segundo uma pesquisa realizada pela Unifesp (universidade Federal de São Paulo), essa doença é mais comum em mulheres que em homens e mais em adultos com idades de 18 a 29 anos. “A síndrome do pânico, na verdade, é uma psiquiatria chamada de transtorno do pânico, já que esse termo de síndrome é um diagnóstico antigo. São crises inesperadas de medo e desespero, devido à liberação de adrenalina maciça no corpo”, afirma Glauco. Ou seja, as pessoas podem ter um ataque de pânico associadas com doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade. Mas para ser chamada de transtorno, essa crise precisa ter uma frequência, com uma série de ataques de pânico. “É uma crise de medo inesperada”, conta Glauco.
Entenda os fatores
Segundo Glauco, grande quantidade de pessoas que desenvolve a doença possui uma característica genética, ou seja, filhos de pais que tem ataques de pânico têm até sete vezes mais chances de desenvolver a doença do que pessoas que não têm parentes com pânico. Porém, o transtorno do pânico funciona como todas as doenças psiquiátricas: é uma junção de fatores genéticos e ambientais. Precisa ter uma série dessas condições para que a doença desenvolva, envolvendo até questões orgânicas. Pessoas que têm hipotiroidismo podem ter pânico, assim como aquelas que usam substâncias ilícitas, como anfetaminas, cocaína, maconha ou LSD. Até uma grande quantidade de café pode ajudar com que haja a crise.”São fatores externos que podem, eventualmente, desencadear essa síndrome. Mas nem sempre tem fatores externos, pode ser apenas uma doença, como hipotiroidismo ou anemia, e pode não ter fator nenhum. Também existe a possibilidade de ser uma situação de estresse que a pessoa está vivendo junto com uma depressão e, de repente, o paciente tem ataques de pânico”, conta. Lembrando que existe uma relação do pânico com depressão ou com drogas e isso pode ser um gatilho para o desenvolvimento desse transtorno.
O que acontece no organismo?
Glauco explica que na hora da crise, o sistema ativado por noradrenalina inunda o corpo com esse neurotransmissor. Isso causa uma espécie de reação filogenética, evolutiva. É uma reação de luta ou fuga, ou seja, o corpo se prepara para lutar ou fugir, já que é uma reação de surpresa. É um ataque de medo ou desespero. É um corpo que se prepara para ser atacado, então a pessoa pode bloquear ou sair correndo. Segundo Glauco, a reação é totalmente individual. Os sintomas estão todos ligados à liberação maciça de adrenalina que são: taquicardia, visão turva, sudorese, ondas de frio e calor, sensação de morte eminente. “Parece que a pessoa está tendo um ataque cardíaco e sente as pernas bambas e as mãos tremendo”, diz Glauco.
Crises
Existem dois tipos de crise: as situacionais e as não-situacionais. Algumas pessoas desenvolvem crises em qualquer lugar, sendo aberto ou fechado, e não tem diferenciação. Esse tipo de crise é a não-situacional. Porém, existem pessoas que tem as crises situacionais, que estão, geralmente, relacionadas ao primeiro ataque de pânico que tiveram. Então, por exemplo, um paciente teve o primeiro ataque de pânico no trânsito, geralmente ele vai desenvolver um pânico situacional, ou seja, toda vez que ele pegar um trânsito, terá um ataque. É o mesmo caso de um local fechado: se a pessoa desenvolveu um ataque de pânico em um lugar fechado, aí ela vai evitar lugares que ela imagina que podem causar o ataque de pânico, como cinema, shopping ou elevador. Lembrando que isso não é claustrofobia. Essa é uma outra fobia que tem o principal sintoma como o medo de ficar preso em algum lugar. “Essas duas fobias podem até se confundir, mas, na verdade, a etimologia é totalmente diferente”, explica Glauco. Quem tem ataque de pânico, na verdade, tem medo de passar mal e quem tem claustrofobia tem medo de ficar preso. Quem tem pânico, tem medo do medo, tem medo de ter a crise de pânico.
Mas quando as crises acontecem?
Segundo Glauco, cada pessoa vai desenvolver uma frequência individual. Algumas têm várias crises por dia, outras que só tem ataque situacional. Quem tem ataque de pânico, começa a ter um certo grau de agorafobia, que é uma evitação fóbica dos lugares. Então, é muito comum que as pessoas deixem de fazer coisas e deixem de ir a lugares”, afirma. Existem vários graus: algumas pessoas evitam frequentar certos lugares, outras ficam restritas em casa e nunca mais saem. Mas, se uma pessoa tem um ataque situacional e nunca sai de casa, ela não vai ter ataque. É normal que as pessoas que têm pânico desenvolverem um raio que elas saem e, se elas não vão a esses lugares que geram pânico, elas não tem ataques. Agora, quem tem ataque não-situacional pode ter vários por dia, não é algo limitado, é individual.