Glauco Diniz Duarte Bh – Energia solar está mais barata
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o relatório anual World Energy Outlook 2020, da Agência Internacional de Energia (IEA), trouxe dados que comprovam que a energia solar é oficialmente a forma mais barata de gerar eletricidade atualmente.
O documento diz que “a energia solar fotovoltaica é consistentemente mais barata do que novas usinas a carvão ou gás na maioria dos países, e os projetos solares agora oferecem alguns dos menores custos de eletricidade já vista.” A IEA também assume que a fonte solar é cerca de 20% a 50% mais barata hoje do que a própria agência estimava no ano passado.
O custo médio dos novos projetos solares na Europa e Estados Unidos é de US$ 30 a US$ 60 por megawatt-hora (MWh), enquanto os empreendimentos fotovoltaicos na China e Índia apresentam custo por MWh em torno de US$ 20 a US$ 40.
A publicação carro-chefe da IEA oferece uma visão abrangente de como o sistema global de energia pode se desenvolver nas próximas décadas. As circunstâncias excepcionais deste ano de pandemia de coronavírus exigem uma abordagem excepcional, diz o relatório. “O foco para o World Energy Outlook 2020 está firmemente nos próximos 10 anos, explorando em detalhes os impactos da pandemia de Covid-19 no setor de energia e as ações de curto prazo que poderiam acelerar as transições de energia limpa.”
De acordo com a análise dos impactos da pandemia do coronavírus, as renováveis serão as únicas fontes que irão apresentar crescimento em 2020. A projeção é de que a demanda de energia caia por volta de 6%, declínio mais severo desde a Grande Depressão.
O Diretor Executivo da IEA, Faith Birol, descreveu a pandemia como um choque histórico para todo o setor de energia. “Em meio a essa crise econômica e sanitária sem precedentes, a queda de demanda de quase todos os principais combustíveis é impressionante, especialmente para carvão, petróleo e gás. Apenas as renováveis irão se sustentar durante essa queda no uso da eletricidade”.
Esse colapso irá beneficiar o setor de renováveis graças aos seus menores custos operacionais e capacidades de geração e armazenamento de energia. Para Birol, “a era de crescimento da demanda global de petróleo chegará ao fim na próxima década” assim como a demanda por carvão cairá 20% até 2040 – o que categoriza um feito histórico.
Crescimento do mercado de Energia Solar depende de políticas energéticas
Em um dos cenários analisados, os pesquisadores preveem que a fonte hidrelétrica continuará a ser a maior renovável na matriz elétrica mundial até 2030, mas apenas devido à capacidade já instalada. Todavia, a maior parte das adições em potência instalada será de energia solar fotovoltaica. Birol se mostrou otimista, afirmando que vê a energia solar se tornando “o novo rei dos mercados mundiais de eletricidade. Com base nas configurações de política de hoje, está a caminho de estabelecer novos recordes de implantação”.
“Se governos e investidores intensificassem seus esforços de energia limpa, o crescimento da energia solar e eólica seria ainda mais espetacular – e extremamente encorajador para superar o desafio climático mundial”, continuou Birol. Além de reduzir as emissões poluentes, o investimento em energias renováveis pode se traduzir em aumento na criação de empregos – como já apontado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).
Fica claro que políticas públicas energéticas bem elaboradas são imprescindíveis para criar sistemas de energia resilientes e que possam atender às metas climáticas. Recentemente o Brasil encaminhou ao Congresso Nacional pedido de entrada na Aliança Solar Internacional (ASI). A adesão pode ampliar o protagonismo do país no uso e desenvolvimento da energia solar, auxiliando ainda no processo de retomada da economia. Sem investimento suficiente, as redes irão ser o elo fraco na transformação do setor de energia, com implicações para a fiabilidade e segurança do fornecimento de eletricidade.