GLAUCO DINIZ DUARTE De olho no futuro: entenda o mercado da construção civil
Com impacto direto no mercado da construção civil, a instabilidade da economia brasileira foi o principal motivo para os resultados negativos que ocorreram nos últimos anos. A necessidade de estabilidade no governo, por sua vez, também é fundamental para que possam ser realizados mais investimentos em setores que movimentam obras de infraestrutura e programas de moradia. Se por um lado, a demanda necessita de financiamentos governamentais para compra de imóveis, por outro, as empresas necessitam de financiamentos para realizar as obras e também de uma demanda crescente para investir em novos projetos.
Inadiavelmente, 2018 será um ano de mudanças por conta das eleições. O Sebrae realizou a publicação Cenário Prospectivos: o setor de construção no Brasil de 2016 a 2018 que levanta os dois fatores citados acima e aponta três panoramas do que pode ocorrer nesse ano. De acordo com a visão da entidade, primeiramente, há expectativa de retomada da governabilidade com potencial estabilidade econômica; a política e a economia podem ficar em sintonia, gerando crescimento, na segunda alternativa; ou, no pior dos cenários, pode haver uma recessão econômica em meio à instabilidade política. Segundo informações extraídas do estudo do Sebrae, o PIB da Construção, em um cenário realista, deve crescer 2,6%; em um cenário otimista, deve ter aumento de 3,3%; e já em um cenário pessimista, deve ter queda de 0,5%.
Análise do mercado da construção civil
Para Nielsen Alves, professor de engenharia civil da Universidade Católica de Brasília, os empresários devem criar coragem para retomar os investimentos esse ano. “Desde o ano passado, nós já notávamos as empresas querendo voltar a investir no mercado porque como elas são construtoras ou investidoras, não podem ficar sem construir, e elas ficaram, por exemplo, de 2014 a 2016, paradas”, afirma Alves.
De acordo com o professor, a instabilidade política de 2017 foi a razão pelo adiamento da retomada, porém, a expectativa é de que agora, em 2018, o futuro presidente do país seja pró-mercado. Dessa forma, as empresas estão encorajadas a realizar investimentos. O cenário que se pode esperar tende a estar alinhado com a primeira e a segunda expectativa do Sebrae, que demonstra crescimento ou, pelo menos, estabilidade.
Diferenciais para 2018
Com uma demanda mais rigorosa, os projetos em 2018 precisam ser mais assertivos e é imprescindível que as empresas demonstrem aos seus clientes o valor de seus produtos atrelados em normatizações e sustentabilidade. Para Alves, as construtoras têm focado em projetos de alto padrão com uso de tecnologia e têm destacado a utilização da NBR 15575 – Norma de Desempenho da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em seus projetos. “Quando estávamos vivendo aquele boom em que tinha muita gente para comprar, qualquer tipo de empreendimento que fosse feito, vendia. Hoje, a construtora busca conquistar o cliente mostrando que sua obra usa produtos industrializados, normatizados, que atendem, principalmente, a Norma de Desempenho, que é uma norma que entrou em vigor em 2013 e veio organizar a bagunça que era com relação a procedimentos e produtos”, explica o professor da Universidade Católica de Brasília.
Algumas das tendências levantadas pelo estudo do Sebrae e que devem se propagar pelos próximos anos envolvem o aumento no número de mulheres como profissionais do mercado da construção civil; a concepção de construções sustentáveis; a utilização de construção enxuta; o desenvolvimento de e-learning na cadeia de construção para suprir a necessidade de qualificação de mão de obra; a criação de smart cities; e também, a realização de serviços agregados.