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GLAUCO DINIZ DUARTE  Nova regra de financiamento deve reduzir juros e ajudar classe média

O novo modelo de financiamento imobiliário com o uso dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para a compra de imóveis começa a valer em 2019 e deve reduzir as taxas de juros e atrair compradores da classe média a realizar o sonho da casa própria.

A Resolução 4.676, de 2018, assinada pelo CNM (Conselho Monetário Nacional), estabeleceu que os financiamentos realizados com base no SFH (Sistema Financeiro de Habitação) — aquele que utiliza dos recursos da poupança — poderão bancar imóveis de até R$ 1,5 milhão em todas as regiões do país.

Atualmente, o valor máximo do crédito é de R$ 950 mil para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal.

Para Marcello Romero, especialista em mercado imobiliário e presidente da corretora Bossa Nova Sotheby’s International Realty, o novo limite tende a impulsionar a aquisição de imóveis por consumidores da classe média.

“Com essas medidas, o financiamento volta a ser um bom negócio, principalmente para a classe média, que foi a mais impactada pela crise econômica”, avalia Romero, que vê as mudanças como “uma injeção na construção civil”.

Renato Lomonaco, gerente de Projetos da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), comemora as medidas e afirma que o ânimo dado à classe média com as mudanças servirá como um “grande propulsor do mercado”, principalmente para os segmentos de média e alta renda.

“A mudança não só facilita as compras de imóveis para a classe média, mas também faz com que um setor muito importante da economia tenha uma melhora. […] Beneficia a classe média, a construção e o país inteiro, porque você consegue destravar o número de imóveis, fazer com que o setor da incorporação volte a investir e, consequentemente, gera mais empregos”, explica ele.

Juros menores

Os especialistas ouvidos pelo R7 ainda avaliam que a resolução da CNM vai fazer com que os juros para quem deseja realizar o sonho da casa própria vão cair a partir do momento em que as mudanças forem efetivadas.

De acordo com Lomonaco, a queda das taxas deve ocorrer em longo prazo devido ao direcionamento de R$ 80 bilhões de recursos alocados na poupança para o crédito imobiliário.

“A tendência é de que, ao longo dos próximos anos, os bancos terão que direcionar mais recursos da poupança para o crédito imobiliário, de forma gradual. Isso vai variar de banco para banco e não é uma coisa que acontece ao mesmo tempo, mas a redução [dos juros] é quase inevitável”, garante o gerente de Projetos da Abrainc.

Rafael Sasso, sócio da Melhor Taxa, também atenta para a possibilidade de queda das taxas imobiliárias, se a Selic — juros básicos da economia — permanecerem baixos. “Nos próximos meses, a gente vai ver declarações de bancos dizendo como vai se adaptar e quais mudanças serão feitas. Essas ofertas podem ajudar para se ter mais oferta de crédito imobiliário”.

Imóveis de até R$ 500 mil

O artigo 20 das novas regras estabelece que as instituições financeiras ligadas ao SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) terão que incluir um “efeito de multiplicação” aos saldos dos financiamentos contratados a partir de 2019 para imóveis de até R$ 500 mil.

“O saldo recolhido será atualizado mensalmente por índice correspondente a 80% do rendimento dos depósitos de poupança”, determina a resolução.

Segundo Lomonaco, o incentivo ao multiplicador atingirá uma linha de crédito  que não era beneficiada pelo Minha Casa Minha Vida e pelo sistema de poupança. “Isso vai fazer com que o banco possa emprestar um pouco mais também nessa faixa”, observa.

Sasso também afirma que a mudança será positiva, porque atinge a “base do mercado brasileiro” de habitação. “Isso vai ser interessante para a população e, provavelmente, gerar mais liquidez para esse modelo de carteira, o que é bom”, analisa o sócio da Melhor Taxa.

 

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