GLAUCO DINIZ DUARTE – Em feira, mercado mostra tecnologia para construção mais rápida e barata
Aquecido, o mercado de construção civil tem criado diversas ferramentas para agilizar obras e reduzir seus custos. As inovações estão presentes no evento Feicon Batimat 2011, que começou nesta terça-feira (15) e vai até sábado (19) em São Paulo. Casas moduladas, de cerâmica ou de entulho, softwares para planejar e adaptar custos e equipamentos que substituem dois profissionais por apenas um são algumas das novidades.
Modelos utilizados nos Estados Unidos e no Chile – principalmente na reconstrução de casas após o terremoto que devastou o país – são alguns dos lançamentos. Em vez de tijolos, placas de madeira revestidas com membranas impermeáveis podem baratear os custos em até 30%. Elas são montadas sobre estruturas de metal, que substituem as vigas comuns.
A agilidade na construção pode ser até 60% superior, dizem os fabricantes. “Em cinco dias, uma casa de 40 metros quadrados pode ser construída por quatro pessoas”, diz Rubens Campos, um dos diretores da LP Brasil. A empresa vende as placas de madeira e as membranas para acabamento, além de dar treinamento e assessoramento para a construção das casas.
Uma das apostas do mercado é a “casa de cerâmica”. De olho na expansão do mercado com programas como o Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, o Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção do Estado de São Paulo (Sindicercon) construiu uma casa em cinco dias a um custo de R$ 32 mil. São 54 metros quadrados, dois quartos, sala, cozinha, banheiro e lavanderia externa. Em larga escala, os gastos podem cair ainda mais. Segundo a entidade, empresas que já adotaram o modelo consumiram R$ 28 mil por unidade em projetos de 40 casas.
Corte de gastos
O segredo para cortar gastos está em detalhes como um telhado que não utiliza madeira para ser sustentado – e sim treliças – e sistema elétrico planejado, com tubulações embutidas já na fase de alvenaria, o que evita depois a quebra de paredes.
“Essa casa tem construção rápida, muito custo-benefício porque é totalmente planejada e modulada. Compramos exatamente a quantidade de bloco e argamassa exata, a quantidade de todos os itens que vão nessa casa são exatos. Ela não tem desperdício”, explica o consultor do sindicato, Paulo Manzini.
Evitar desperdício de material e de mão de obra é o mantra das empresas. Numa delas, o entulho produzido por uma obra, que geralmente é descartado, vira tijolo. “O entulho antigamente era utilizado para base de estradas, preenchimento de lajes. Hoje, com a trituração, pode-se fazer tijolo. Quem trabalha com disque-entulho é pago para receber algo que é matéria-prima”, aponta Marcelo Borba, gerente comercial do Grupo Baram, empresa que comercializa máquinas que trituram entulhos e fabricam tijolos.
Na hora de assentar, usa-se uma massa de colagem feita com dolomita, um “refugo” das pedreiras. “Não vai cimento, nem areia. É uma solução para o cimento, que é poluidor”, explica. Outro atrativo é o custo. Para cada metro quadrado de tijolos assentados com a massa, gastam-se R$ 3,52, contra R$ 4,58 no procedimento convencional, em que se mistura cimento, areia e onde há perdas.
Acabamento
Outra novidade está no acabamento da parede, que pode ser feito com um equipamento que desliza verticalmente sobre uma viga de metal, aplicando massa. Em oito horas, o trabalho “rende” 400 metros quadrados de reboco, contra 30 metros quadrados que uma pessoa faria manualmente no mesmo tempo. A economia gerada pela utilização dessas tecnologias pode ser de até 40%, segundo cálculo da empresa numa “casa de entulho” construída como protótipo.
A tecnologia também está presente em equipamentos para uso manual. A Bosch está lançando um martelete elétrico que promete cansar menos o operador e, com isso, aumentar o rendimento. Um scanner de parede – que já é vendido no mercado – detecta fiação elétrica, canos de cobre e, num novo modelo lançado agora, “enxerga” tubos de PVC. A novidade custa R$ 2,6 mil e busca reduzir transtornos comuns em obras como ter de furar uma parede mais de uma vez para encontrar o ponto certo de uma fiação ou de um cano, por exemplo. Já com uma trena e um nivelador a laser – outros produtos da empresa, o trabalho fica mais rápido e pode ser executado por apenas uma pessoa, já que não é preciso esticar o equipamento numa ponta e ter alguém segurando a outra.
Antes de todo esse processo, no entanto, é preciso planejar. E já existem softwares que constroem a obra virtualmente, em três dimensões, com cálculo de materiais utilizados, projeções de desperdício e gastos de mão de obra. Tudo pode ser ajustado a qualquer momento. “Pela primeira vez, há ferramentas em que o engenheiro pode obter variáveis de condição de execução, com custos envolvidos em cada tipo de material”, explica Wilton Catelani, engenheiro sênior da Pini, editora que comercializa o TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos) Modelatto.