GLAUCO DINIZ DUARTE – Um novo chamado para startups da construção civil
A construção civil ainda é considerada um setor que caminha a passos lentos para implementar a inovação em seus processos produtivos no Brasil. Porém, muitas empresas da área já voltam os seus olhos para um mercado que tem muito espaço para expandir e, além de melhorar os processos do setor, gerar muitas oportunidades de negócios. Com foco nisso, a Vedacit, empresa do segmento de impermeabalização, escolheu a capital pernambucana para lançar o seu programa de aceleração de startups. O Vedacit Labs vai abrir o processo de seleção agora em setembro, selecionar cinco iniciativas em dezembro para começar o ciclo de aceleração em março do próximo ano. Cada startup vai receber um aporte de R$ 100 mil.
A primeira experiência da Vedacit com a aceleração de startups aconteceu no ano passado, quando duas iniciativas receberam o aporte da empresa juntamente com outras marcas do setor. Foi quando surgiu a ideia de a marca de impermeabilização ter o seu próprio programa de aceleração. O lançamento do Vedacit Labs aconteceu durante o evento Construtalk Recife, realizado na semana passada com o objetivo de fomentar a inovação na construção civil. “Escolhemos Pernambuco por ser um mercado importante para nós e também porque o Recife tem um celeiro tecnológico grande, com o Porto Digital e o Cesar, inclusive oferecendo condições de oferecer boas soluções. Inclusive, esperamos que tenha um selecionado daqui”, afirma Luis Fernando Guggenberger, gerente de Inovação e Sustentabilidade da Vedacit.
O Vedacit Labs faz parte da aposta da empresa na inovação e o objetivo é abrir uma chamada por ano. Além disso, a estimativa é que o braço de inovação cresça e entre 2019 e 2020 tenha o seu próprio fundo de investimentos. “Somos uma empresa 100% brasileira e temos que apostar na inovação nacional. Somos um povo criativo e precisamos canalizar os esforços para ter um modelo de negócios. Tudo isso é poderoso para a transformação do país”, conta o gerente. As expectativas são positivas. “Vamos ouvir as dores das construtoras e levar as soluções através das startups. Nós ajudamos o setor e geramos negócios. Vamos ganhar um percentual, mas se a iniciativa levar meu produto também ganha”.
Além do aporte financeiro, o programa de aceleração vai oferecer seis meses de residência no WeWork em São Paulo, local onde já está a área de inovação da Vedacit e cinco meses de aceleração em parceria com a Liga Ventures. O chamado será voltado para duas áreas. Uma será a digital, que vai desde sensores até plataforma de capacitação de pedreiros, faça você mesmo e indicação de profissionais, por exemplo. A segunda tem foco mais voltado para a área de atuação da Vedacit, a impermeabilização, como sistemas de reuso de água, serviços para impermeabilizar habitações na baixa renda e para a melhoria dos processos construtivos nesta etapa.
Oportunidades de negócios com a inovação para quem deseja empreender
Estimativas dão conta que existem cerca de 250 startups no Brasil voltadas para diversos segmentos da construção civil. E as Construtalks, que são eventos itinerantes e realizados em vários estados brasileiros, servem para fomentar a inovação no setor. No Recife, o evento reuniu desde empreendedores até jovens que buscam uma oportunidade para empreender. A iniciativa serve tanto para o lado das construtoras, que podem melhorar os seus processos construtivos e reduzir custos, como para quem deseja ter um produto inovador e ganhar seu dinheiro.
Um ponto positivo foi a presença de jovens que desejam empreender. “O setor é carente de muita coisa ainda, como a baixa produtividade, e é uma área que sofre com essa maneira antiga de produzir, ainda que tenha melhorado nos últimos 10 anos. Se por um lado tem as dificuldades do setor, por outro existe um campo muito grande para inovar e ganhar dinheiro”, explica Thiago Melo, vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE).
Para ele, o evento foi importante neste aspecto porque mostrou várias possibilidades de geração de negócio. “O maior problema de 70% das startups que morreram é que o fundador delas desenvolveu algo com base na intuição dele. Quando lançou a iniciativa, o mercado não achou aquilo uma grande ideia porque não estava resolvendo o problema do setor. Portanto esses eventos como o Construtalk servem para quem deseja empreender saber se sua ideia vai resolver as dores do setor. E foi possível ouvir as tendências”, acrescenta.
Outro lado que também se beneficiou foi o das construtoras, já que elas tiveram espaço para ver novidades para implementar em suas obras. “Os debates foram muito bons. Conversamos sobre o Bim, que está no Brasil há 10 anos, mas agora o setor está conseguindo despertar para ele. Foram mostradas propostas de incentivo do governo do estado para as startups. O Porto Digital explicou em que pode apoiar as iniciativas”, resume. Além disso, teve a apresentação do programa Plataforma Integrada de Geração de Startups (PIGS), do Sebrae junto com o Cesar, que também vai selecionar startups para ajudar a resolver problemas do setor.