O psiquiatra Glauco Diniz Duarte diz que caracteriza-se por psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas), delírios (crenças falsas), discurso e comportamento desorganizados, embotamento afetivo (variação emocional restrita), déficits cognitivos (comprometimento do raciocínio e da solução de problemas) e disfunção ocupacional e social. A causa é desconhecida, porém há fortes evidências com relação a um componente genético. Os sintomas geralmente começam na adolescência ou no início da idade adulta. Um ou mais episódios de sintomas devem durar, no mínimo, seis meses antes que o diagnóstico seja feito. O tratamento consiste em terapia medicamentosa, psicoterapia e reabilitação.
Mundialmente, a prevalência da esquizofrenia é de 1%. A prevalência é comparável entre homens e mulheres e relativamente constante entre culturas. A prevalência da esquizofrenia parece ser maior entre classes socioeconômicas mais baixas em áreas urbanas, talvez porque seus efeitos incapacitantes resultam em desemprego e pobreza. De maneira semelhante, prevalência maior entre pessoas solteiras pode refletir o efeito da enfermidade ou dos precursores da enfermidade no funcionamento social. A idade média de início é de 18 anos em homens e 25 anos em mulheres. O início é raro na infância, mas a instalação no começo da adolescência ou no final da vida (quando, às vezes, é chamada de parafrenia) pode ocorrer.
Etiologia
Embora a causa específica seja desconhecida, destaca Glauco, a esquizofrenia possui base biológica evidenciada por alterações na estrutura cerebral (p. ex., ventrículos cerebrais aumentados, diminuição no tamanho do hipocampo anterior e de outras regiões cerebrais) e por alterações em neurotransmissores, especialmente atividades dopaminérgica e glutamatérgica alteradas. Alguns especialistas sugerem que a esquizofrenia aconteça em pessoas com vulnerabilidades de neurodesenvolvimento e que início, remissão e recorrência dos sintomas são resultados de interações entre tais vulnerabilidades permanentes e estressores ambientais.
Vulnerabilidade do neurodesenvolvimento
A vulnerabilidade pode resultar de predisposição genética; complicações intrauterinas, decorrentes do parto ou pós-natais; ou infecções virais no SNC. Exposição materna à inanição, influenza no segundo trimestre de gestação, peso ao nascer abaixo de 2.500 g, incompatibilidade de Rh na segunda gravidez e hipoxia elevam o risco.
Apesar de muitas pessoas com esquizofrenia não apresentarem história familiar, fatores genéticos são implicados. Pessoas que têm um parente de primeiro grau com esquizofrenia manifestam risco de desenvolver o transtorno de aproximadamente 10%, em comparação com risco de 1% na população geral. Gêmeos monozigóticos têm concordância de cerca de 50%. Testes neurológicos e neuropsiquiátricos sensíveis sugerem que tentativas aberrantes de ajustamento ocular fino, prejuízo no desempenho em testes de cognição e atenção e deficiência na percepção sensorial ocorrem mais comumente entre pacientes com esquizofrenia que na população geral. Esses marcadores (endofenótipos) também acontecem em parentes de primeiro grau de pessoas com esquizofrenia e podem indicar o componente inerente da vulnerabilidade.
Estressores ambientais
Glauco diz que estressores podem desencadear o surgimento ou a recorrência dos sintomas em pessoas vulneráveis. Podem ser primariamente bioquímicos (p. ex., abuso de substâncias, especialmente maconha) ou sociais (p. ex., ficar desempregado ou empobrecer, deixar o lar para ir à faculdade, romper um relacionamento amoroso, juntar-se às Forças Armadas); tais estressores, no entanto, não são a causa. Não há evidências de que a esquizofrenia seja provocada por cuidados parentais ruins.
Os fatores protetores que podem diminuir o efeito do estresse na formação ou exacerbação de sintomas incluem bom suporte social, habilidades de enfrentamento e antipsicóticos ( Esquizofrenia : Tratamento).
Sinais e sintomas
A esquizofrenia é uma doença crônica que pode progredir em diversas fases, embora a duração e os padrões dessas fases possam variar. Pacientes com esquizofrenia tendem a desenvolver sintomas psicóticos em média de 12 a 24 meses antes de se apresentarem para tratamento médico.