O psiquiatra Glauco Diniz Duarte diz que os distúrbios da ansiedade são estados de medo, preocupação ou pavor, desproporcionais com a situação, e que enfraquecem as habilidades funcionais normais da criança. A ansiedade pode resultar de problemas físicos. O diagnóstico é clínico. O tratamento é feito com terapia de comportamento e medicamentos, geralmente antidepressivos (ISRS).
Algum grau de ansiedade é um aspecto normal do desenvolvimento:
• A maioria das crianças entre os 3 e 4 anos de idade revelam algum medo ao se separarem das mães, especialmente em ambientes não familiares
• Entre os 3 e 4 anos, é comum o medo do escuro, de monstros, de insetos e de aranhas
• A criança tímida reage às novas situações, primeiramente com medo ou afastando-se
• Nas crianças maiores, os medos mais comuns são de agressão ou de morte
• As crianças maiores e os adolescentes frequentemente ficam ansiosos quando precisam apresentar um livro diante de seus colegas
Segundo Glauco, tais dificuldades não devem ser encaradas como evidências de distúrbios. Entretanto, quando estas manifestações de ansiedade, tidas como normais, tornam-se exageradas, elas funcionam como disfunções graves difíceis de suportar.
Deve-se, então, considerá-las como distúrbio da ansiedade. Cerca de 10 a 15% das crianças apresentam distúrbios da ansiedade em algum momento de sua infância (p. ex., fobias generalizadas, de separação, sociais, distúrbios obsessivos-compulsivos, fobias específicas, pânico, estresse agudo e pós-traumático).
Sinais e sintomas
Glauco diz que a mais comum manifestação talvez seja a rejeição à escola. O termo “rejeição à escola” suplantou o termo “fobia da escola”. O medo real da escola é raro. A maioria das crianças que se recusa a ir à escola provavelmente tem ansiedade pela separação, fobia social, pânico ou uma combinação dos três.
Algumas têm fobias específicas. Deve-se considerar a possibilidade de a criança estar sendo vítima de intimidação (bullying).
Algumas crianças queixam-se abertamente de suas ansiedades descrevendo o motivo, por exemplo, “Tenho medo de nunca mais ver você de novo” (ansiedade de separação) ou, então, “receio que caçoem de mim” (fobia social). Entretanto, a maioria das crianças somatizam suas queixas: “Não vou à escola porque tenho dor de estômago”. Estas queixas podem trazer confusões, pois a criança frequentemente fala a verdade. Mal-estar gástrico, náuseas e cefaleia aparecem com frequência em crianças ansiosas.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico. A confirmação pode vir do histórico psicossocial.
Os sintomas físicos que a ansiedade causa na criança podem complicar a avaliação. Muitas crianças são submetidas a exames físicos antes que o clínico considere o distúrbio pela ansiedade.
Prognóstico
O prognóstico depende da gravidade, da disponibilidade de tratamento adequado e da receptividade da criança. Na maioria dos casos, as crianças levam os sintomas da ansiedade para a vida adulta. Entretanto, com o tratamento precoce, muitas crianças aprendem a controlar sua ansiedade.
Tratamento
• Terapia comportamental
• Medicação, geralmente ISRS
Muitos destes distúrbios são tratados com terapia comportamental (utilizando princípios preventivos de exposição e reação), às vezes associada a medicamentos.
Com a terapia comportamental, a criança é exposta, gradualmente, a situações provocadoras da ansiedade. Ao ajudar a criança a se manter na situação provocadora da ansiedade (reação preventiva), os terapeutas capacitam as crianças a gradualmente se dessensibilizarem e sentirem-se menos ansiosas. A terapia comportamental é mais eficiente quando um terapeuta experiente, conhecedor do desenvolvimento da criança, individualiza estes princípios.
Nos casos leves, apenas a terapia comportamental é suficiente, mas a terapia medicamentosa pode ser necessária nos casos mais graves ou quando o acesso ao terapeuta comportamental for limitada.