Saúde mental ainda é um tabu para muitas pessoas. Segundo estudos de teóricos, no início do século XX pouco se conhecia sobre a saúde mental e a sua importância. A primeira revolução da saúde se deu pelo austríaco Sigmund Freud, considerado o pai da Psicanálise. “A Psicanálise propõe mostrar que o Eu não somente não é senhor na sua própria casa, mas também está reduzido a contentar-se com informações raras e fragmentadas daquilo que se passa fora da consciência, no restante da vida psíquica”, é o conceito mais conhecido no mundo da Psiquiatria.
O psiquiatra Glauco Diniz Duarte explica o que é transtorno psiquiátrico, os tipos de sintomas que atingem a população brasileira e os preconceitos que deveriam ser extintos.
Transtorno psiquiátrico ou transtorno mental, são transtornos psíquicos que envolvem a mente, eles podem ter um subtrato anatômico, que envolvem o comportamento até serem problemas funcionais do cérebro. Transtorno mental é um tipo de doença que se trata em Psiquiatria.
Segundo Glauco os transtornos psiquiátricos não são necessariamente violentos, pelo contrário, a maior parte dos transtornos não implica em violência. Apesar de haver um preconceito referindo a doença mental à violência, isso, por exemplo, em consultório de Psiquiatria é raridade. Em emergência psiquiátrica isso até pode acontecer. A maior parte são transtornos de ansiedade, depressão, transtorno de humor, bipolar, esquizofrenia, déficit de atenção. Os casos de violência são raros mesmo em pessoas psicóticas, que estão fora do juízo de realidade. Que é outro preconceito que existe, o qual consultório psiquiátrico é lugar de doido, e não é. Raros são os casos de pessoas psicóticas. O tratamento vai depender de cada um.
Glauco explica que a maior parte dos casos são pessoas que trabalham, estudam que tem outros problemas de saúde, que não tem nada a ver com falta de juízo de realidade ou insanidade mental. Pessoas que tem um sofrimento devido à ansiedade, depressão, variações de humor, transtorno bipolar. Como na infância, crianças com hiperatividade, transtorno de ansiedade. São sintomas que todos nós temos várias vezes durante a semana, várias pessoas têm transtorno mental no mínimo 25% da população, mas desses 25% pouquíssimos perdem o juízo de realidade, o que chamam de loucura.
O que existe é pessoas que tem crítica sobre a própria doença e outras que não tem. Pessoas que se percebem doente durante muitos anos, mas tem vergonha de procurar ajuda. Seguram a barra até a hora de não suportarem mais e quando vem procurar ajuda já estão no próprio limite. E há casos de pessoas que realmente não tem crítica sobre a sua doença e tem dificuldade de aceitá-la. Essas pessoas que não tem críticas muitas vezes familiares e amigos percebem e estes se mobilizam para ajudar.
Glauco diz que existem vários estudos mostrando que depressão e ansiedade favorecem as doenças cardiovasculares, o infarto, o AVC (famoso derrame) e surgimento de outras doenças. O estresse constante libera do cérebro certas substâncias, como a citosina que provoca o surgimento de algumas doenças. E o contrário também é verdadeiro, certas pessoas que possuem doenças reumáticas ou sofrem dores crônicas tem a liberação também de substâncias que podem desenvolver transtornos mentais. Por isso é comum ver pessoas que tem dor crônica terem depressão também. Mas aí você pergunta: o que começou primeiro? Alguns mediadores químicos também favorecem certos sintomas psiquiátricos.
Glauco destaca que a psicose aguda é uma situação em que a pessoa perde o juízo de realidade, perde a capacidade de discernir do que e real do que é injustificável perante a realidade a sua volta. Na psicose aguda não existe um curso das coisas, existe uma situação de que a pessoa era capaz de ajuizar e depois subitamente a pessoa perdeu essa capacidade. São quadros que ainda podem ser revertidos.
Segundo Glauco transtornos psiquiátricos é uma doença que atinge grande parcela da população brasileira e do mundo. Dados recentes de 2010 do Ministério da Saúde apontam que aproximadamente 23 milhões de pessoas no Brasil, ou seja, 12% da população necessitam de algum atendimento psiquiátrico e pelo menos cinco milhões de brasileiros sofrem com a doença. No mundo, mais de 400 milhões são afetadas por distúrbios mentais ou comportamentais.