O psiquiatra Glauco Diniz Duarte afirma que todas as pessoas experimentam periodicamente medo e ansiedade. O medo é uma resposta emocional, física e comportamental a uma ameaça externa imediatamente reconhecível (p. ex., um intruso, um carro em alta velocidade). Ansiedade é um estado emocional perturbador e desconfortável de nervosismo e preocupação; suas causas são menos claras. A ansiedade está menos ligada com o momento exato da ameaça; ela pode ser antecipatória, antes da ameaça, ou pode persistir depois que a ameaça cessou, ou ocorrer sem ameaça identificável. A ansiedade é muitas vezes acompanhada por alterações físicas e comportamentos similares àqueles causados pelo medo.
Algum grau de ansiedade é adaptativo; pode ajudar as pessoas a preparar, praticar e executar algo, de maneira que seu funcionamento seja melhorado, e ajudá-las a ser apropriadamente cautelosas em situações potencialmente perigosas. Entretanto, além de certo limite, a ansiedade causa disfunção e perturbação inadequada. Nesse ponto, ela é mal adaptativa, sendo considerada um transtorno.
A ansiedade ocorre em uma grande variedade de transtornos mentais e físicos, mas é o sintoma predominante em alguns deles. Transtornos de ansiedade são mais comuns que qualquer outra classe de transtornos psiquiátricos. Todavia, muitas vezes, não são reconhecidos e, por conseguinte, não são tratados. Deixada sem tratamento, a ansiedade crônica e mal adaptativa pode contribuir para alguns distúrbios físicos ou interferir no tratamento deles.
Glauco explica que as causas dos transtornos de ansiedade não são completamente conhecidas, mas tanto fatores físicos como mentais estão envolvidos. Muitas pessoas desenvolvem transtornos de ansiedade sem qualquer antecedente desencadeante identificável. A ansiedade pode ser uma resposta a estressores ambientais, tais como o término de um relacionamento importante ou a exposição a um desastre que ameace a vida. Alguns transtornos físicos podem produzir ansiedade diretamente; eles incluem:
• Hipertireoidismo
• Feocromocitoma
• Hiperadrenocorticismo
• Insuficiência cardíaca
• Arritmias
• Asma
• Doença pulmonar obstrutiva crônica
Outras causas físicas incluem uso de drogas; efeitos de corticoides, cocaína, anfetaminas e mesmo cafeína podem mimetizar transtornos de ansiedade. Abstinências de álcool, sedativos e de algumas drogas ilícitas também podem ocasionar ansiedade.
Sinais e sintomas
Glauco diz que a ansiedade pode surgir subitamente, como no pânico, ou gradualmente ao longo de vários minutos, horas ou mesmo dias. A ansiedade pode durar desde poucos segundos até anos; duração mais longa é mais característica dos transtornos de ansiedade. A ansiedade varia de ataques pouco perceptíveis até pânico completo. A capacidade de tolerar certo nível de ansiedade varia de pessoa para pessoa.
Os transtornos de ansiedade podem ser tão perturbadores e incapacitantes que podem resultar em depressão. Alternativamente, um transtorno de ansiedade e um transtorno depressivo podem coexistir ou a depressão pode se desenvolver primeiro, com sinais e sintomas de transtorno de ansiedade ocorrendo posteriormente.
Diagnóstico
• Exclusão de outras causas
• Avaliação da gravidade
Decidir quando a ansiedade é tão dominante ou grave que constitui um transtorno depende de diversas variáveis e os médicos diferem no ponto em que fazem o diagnóstico. Os médicos devem determinar, em primeiro lugar, por meio de história, exame físico e testes laboratoriais apropriados, se a ansiedade se deve a um distúrbio físico ou a uma droga. Devem também determinar se a ansiedade é mais bem explicada por outro transtorno mental. Há transtorno de ansiedade e merece tratamento se o seguinte se aplicar:
• Outras causas não foram identificadas
• A ansiedade é muito perturbadora
• A ansiedade interfere no funcionamento
• A ansiedade não cessou espontaneamente em poucos dias
O diagnóstico de um transtorno de ansiedade específico baseia-se em seus sintomas e sinais característicos. Os médicos geralmente utilizam critérios específicos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição, Texto Revisado (DSM-IV-TR), que descreve os sintomas específicos e exigem a exclusão de outras causas dos sintomas.
História familiar de transtornos de ansiedade (exceto nos transtornos de estresse agudo e pós-traumático) ajuda a fazer o diagnóstico, pois alguns pacientes parecem herdar predisposição para o mesmo transtorno de ansiedade que seus familiares têm, assim como suscetibilidade geral para outros transtornos de ansiedade. Entretanto, alguns pacientes podem adquirir os mesmos transtornos de ansiedade que seus familiares por meio de comportamento aprendido.
Tratamento
O tratamento varia para os diferentes transtornos de ansiedade, mas, normalmente, envolve uma combinação de psicoterapia e tratamento medicamentoso. As classes de drogas mais comumente utilizadas são benzodiazepínicos e inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).