De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, os Antipsicóticos, também designados de Neurolépticos, são medicamentos usados no tratamento das perturbações psicóticas, nomeadamente a Esquizofrenia. São ainda utilizados noutras doenças psiquiátricas como a Doença Bipolar, a Depressão e a Doença Esquizoafetiva.
São os únicos medicamentos com eficácia demonstrada no tratamento da Esquizofrenia. Não são uma “cura” para a doença, mas controlam os sintomas mais problemáticos, como as alucinações (por ex: ouvir vozes), as ideias delirantes (ideias fora da realidade), a agitação, a agressividade, a insônia e trazem bem estar ao doente, melhorando em muito a qualidade de vida e o prognóstico da doença.
No tratamento da Esquizofrenia é frequente a utilização de outros fármacos como os Ansiolíticos e sedativos para potenciar o efeito da terapêutica.
Para que servem os Antipsicóticos?
Glauco diz que servem para o tratamento de diversas doenças do foro psiquiátrico, salientando a Esquizofrenia. A Esquizofrenia é caracterizada pela presença de sintomas psicóticos, daqui vem o nome destes medicamentos – Antipsicóticos.
A descoberta destes medicamentos foi um “revolução” na Psiquiatria, pois permitiu o tratamento de uma doença que até então não era possível controlar. Os doentes eram internados em hospitais psiquiátricos onde permaneciam a maior parte da vida. A utilização dos antipsicóticos na Esquizofrenia permitiu a desinstitucionalização (saída dos hospitais) de grande parte dos doentes, que agora vivem na comunidade.
Ao controlar a doença e seus sintomas, torna-se possível a reabilitação do doente, criando assim a possibilidade de construir uma vida mais independente.
Que tipos de Antipsicóticos existem?
Glauco diz que existem dois tipos principais de Antipsicóticos os Antipsicóticos Típicos ou Neurolépticos e os Antipsicóticos Atípicos. Os Antipsicóticos Típicos foram os primeiros a ser descobertos. Apresentam elevada eficácia no controlo dos sintomas mas induzem alguns efeitos secundários. São utilizados principalmente na fase aguda da doença e exercem uma ação mais marcada sobre os sintomas positivos da Esquizofrenia (alucinações,ideias delirantes). Existem em formulação depôt pelo que podem ser ministrados numa injeção mensal (útil em doentes mais resistentes á toma da medicação). Outra vantagem é o seu baixo preço.
Os Antipsicóticos Atípicos apareceram mais recentemente. São muito eficazes no controlo da Esquizofrenia e apresentam baixa incidência de efeitos secundários. Apresentam eficácia no controlo dos sintomas positivos da Esquizofrenia, assim como nos sintomas negativos (ex: apatia). Ainda só está disponível em formulação depôt a Risperidona. O seu preço é mais elevado do que o dos Antipsicóticos Típicos, mas fornecem melhor qualidade de vida ao doente.
Quais os seus efeitos ?
Glauco explica que os Antipsicóticos exercem a sua ação em certas regiões do cérebro, modificando a ação dos Neurotransmissores (substâncias químicas que permitem a comunicação entre as células nervosas). Pensa-se que a causa da Esquizofrenia esteja na alteração do normal funcionamento destes Neurotransmissores. Assim, os Antipsicóticos em certa medida conseguem contrabalançar estes desequilíbrios químicos, reestabelecendo o normal funcionamento cerebral.
Os Antipsicóticos Típicos exercem a sua ação no neurotransmissor Dopamina, bloqueando a sua ação. É desta forma que se controlam os sintomas positivos da Esquizofrenia. Os Antipsicóticos Atípicos além de bloquearem a Dopamina, bloqueiam ainda outro neurotransmissor, a Serotonina. Desta forma se explica a ação destes Antipsicóticos nos sintomas negativos da Esquizofrenia.
Qual a importância da terapêutica Antipsicótica ?
Para Glauco a terapêutica antipsicótica é fundamental no tratamento da Esquizofrenia. Os Antipsicóticos permitem o controlo dos sintomas positivos (alucinações, ideias delirantes, comportamento desorganizado, agitação) e dos sintomas negativos (restrições na capacidade de expressão emocional, apatia, diminuição dos afetos, lentificação do pensamento e discurso). Desta forma podem evitar internamentos psiquiátricos que, regra geral, são prolongados. Permitem o reinício de atividades de reabilitação psico-social, após o impacto negativo que geralmente o aparecimento desta doença causa ao sujeito em questão. Desta forma é muitas vezes possível que doentes com Esquizofrenia, com boa aderência á terapêutica e com informação acerca da doença possam viver vidas autônomas e com boa qualidade de vida. Por outro lado, a Esquizofrenia quando não tratada pode evoluir para deterioração cognitiva, com perda das capacidades intelectuais e com marcada piora no prognóstico. Esta deterioração cognitiva é, regra geral, irreversível. Cada recaída psicótica é seguida por maior deterioração no funcionamento do doente.
Que efeitos secundários podem apresentar?
Como já foi referido, os Antipsicóticos Típicos apresentam mais efeitos secundários do que os Atípicos. Entre estes efeitos secundários encontram-se sintomas neurológicos como a Akatísia (necessidade constante de movimento), Distonias (contrações musculares involuntárias) e rigidez muscular que se assemelham aos sintomas da doença de Parkinson. Estes efeitos secundários são facilmente controlados com a administração de medicamentos específicos (Anticolinérgicos).
Podem ainda apresentar sintomas como sonolência, diminuição da tensão arterial, aumento de apetite, aumento de peso, boca seca, obstipação, visão desfocada e disfunção sexual. Por vezes os Antipsicóticos Típicos podem causar o aumento de uma hormona designada de Prolactina, podendo causar o aparecimento de leite nas mulheres.
Os Antipsicóticos Atípicos apresentam menos efeitos secundários. Estes consistem principalmente em aumento de peso, aumento do açúcar e colesterol, sedação e por vezes sintomas neurológicos. Estes efeitos secundários são dependentes da dose administrada e podem ser controlados com medidas simples como exercício físico, dieta adequada e no caso dos sintomas neurológicos, associa-se um medicamento Anticolinérgico.
Como tomar a terapêutica Antipsicótica?
Deve sempre ser cumprida a terapêutica nas doses e durante o tempo indicado pelo médico assistente. Nunca parar a medicação sem falar com o médico. No caso do aparecimento de efeitos secundários desagradáveis deve entrar em contacto com o médico assistente. Muitas vezes através de um reajuste na medicação é possível tratar a doença minimizando os efeitos secundários.