De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte cerca de 50% dos adultos tende a sofrer de doença mental em algum momento da sua vida. Mais de metade dessas pessoas sentem sintomas de moderados a graves. Na verdade, quatro das 10 principais causas de incapacidade nas pessoas com cinco anos de idade ou mais devem-se a distúrbios mentais, sendo a depressão a primeira causa de todas as doenças que causam incapacidade. Apesar dessa prevalência elevada de doenças mentais, apenas cerca de 20% das pessoas que têm doença mental procura assistência médica.
Segundo Glauco, ainda que se tenha alcançado grandes avanços na compreensão e no tratamento das doenças mentais, o estigma que as rodeia ainda persiste. Por exemplo, as pessoas com doença mental podem ser culpadas pela sua doença ou consideradas preguiçosas ou irresponsáveis. A doença mental pode ser interpretada como menos real ou legítima do que a doença física, gerando desinteresse no que diz respeito ao pagamento do tratamento por parte dos responsáveis de saúde e das companhias de seguros. No entanto, a crescente conscientização sobre o quanto a doença mental afeta os custos dos planos de saúde e o número de dias de trabalho perdidos está mudando essa tendência.
Atualmente, destaca Glauco, considera-se que a doença mental é causada por uma interação complexa de fatores hereditários e ambientais. A pesquisa tem demonstrado que em muitos distúrbios de saúde mental, a genética tem um papel importante. Frequentemente, um distúrbio de saúde mental ocorre quando uma pessoa, cuja herança genética a torna vulnerável a esses distúrbios, sofre um estresse adicional na sua família, vida social ou no trabalho. Além disso, muitos estudiosos acham que uma disfunção dos mensageiros químicos no cérebro (neurotransmissores) pode contribuir para os distúrbios de saúde mental. Técnicas de diagnóstico por imagem, como imagens por ressonância magnética (IRM) e tomografia por emissão de pósitrons (TEP), mostram alterações no cérebro de pessoas com distúrbio de saúde mental. Por isso, muitos distúrbios de saúde mental parecem ter um componente biológico, muito parecidos com distúrbios que são considerados neurológicos (como a doença de Alzheimer). Contudo, ainda não está claro se as alterações observadas nos exames de imagem são a causa ou o resultado do distúrbio de saúde mental.
Glauco diz que nem sempre é possível diferenciar com clareza uma doença mental de um comportamento normal. Por exemplo, distinguir a tristeza característica de uma depressão pode ser difícil em pessoas que sofreram uma perda significativa, como a morte do cônjuge ou de um filho. Da mesma forma, o diagnóstico de um distúrbio de ansiedade em pessoas que estão preocupadas e estressadas devido ao seu trabalho é algo arbitrário, porque a maioria das pessoas têm esses sentimentos em algum momento. A linha divisória entre uma pessoa com determinados traços de personalidade e outra que sofre um distúrbio de personalidade pode ser tênue. Por isso, é melhor considerar a doença mental e a saúde mental como sendo relacionadas. Qualquer linha divisória se baseia geralmente na duração dos sintomas, no quanto as pessoas se distanciam do seu comportamento habitual e na gravidade do impacto dos sintomas na sua vida. Portanto, com relação à doença mental, as pessoas devem distinguir entre doenças mentais sérias (crônicas) que limitam seriamente suas atividades diárias ou a sua habilidade para trabalhar (como uma psicose contínua ao longo da vida) e episódios breves, porém sérios de sintomas passageiros e sintomas crônicos que não interferem nas atividades ou o trabalho.