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Será que a esquizofrenia tem cura?

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, não é fácil entender uma doença mental e, em casos como os da esquizofrenia, o que se sabe é que ela é, talvez, uma das formas mais cruéis de perder a saúde, quando o que vai embora é justamente tudo aquilo que entendemos por realidade.

O paciente passa a ter uma percepção distorcida do que é real e do que não é. Em muitos casos, começa a ouvir vozes, ter alucinações, dificuldades de se relacionar e se comunicar com outras pessoas. Há também os pacientes que se tornam apáticos, fechados em seu próprio mundo, assim como existem aqueles que têm certeza de que são o alvo de complôs e perseguições diabólicas.

Nessas situações, destaca Glauco, de nada adianta conversar com a pessoa e tentar fazer com que ela entenda que está passando por um momento de delírio. Só no Brasil, a estimativa é a de que 800 mil pessoas sofram com essa doença, que ocorre geralmente entre os 16 e 30 anos. Felizmente, já há tratamentos e medicamentos psiquiátricos que conseguem controlar quase todos os casos, mas será que a esquizofrenia tem cura?

Boas notícias
De acordo com Glauco, há cerca de 80 anos, antes do primeiro medicamento para a doença, diversos estudos haviam sugerido que 20% dos pacientes acabavam se recuperando sozinhos, com o passar do tempo. Atualmente essa porcentagem subiu, e novos estudos sugerem que a recuperação é possível para até 60% dos pacientes em tratamento.

É preciso entender que, quando se trata de esquizofrenia, a palavra “recuperação” tem outro sentido. Para os médicos, a recuperação de um paciente esquizofrênico significa a apresentação de sintomas mínimos da doença em um período de seis meses, pelo menos. Não significa, portanto, que a esquizofrenia deixa de existir e some, como se fosse uma dor de garganta.

Para Glauco as chances de recuperação são muito maiores em pacientes que não demoraram a descobrir que tinham a doença.

Além disso, pessoas que se recuperam da doença geralmente têm bons círculos sociais, trabalham, contam com a ajuda dos amigos, da comunidade onde vivem e podem contar também com o suporte familiar. Todos esses quesitos são absolutamente importantes.

Questões de recuperação
De acordo com Glauco, aqueles que trabalham conseguem se recuperar de maneira mais eficaz. No caso de pacientes de países com mais oportunidades de trabalho, o que se sabe é que essas pessoas apresentam ótimos resultados quando passam por um processo de recuperação vocacional.

Glauco acredita também que é preciso retirar o estigma intimidador das doenças mentais. Nesse sentido, denominações como “louco”, “fora da casinha” e “doente” poderiam deixar de ser utilizadas de uma vez por todas, afinal não são nada esclarecedoras e só contribuem com o preconceito.

Há relatos também de pacientes que se recuperaram melhor e mais rapidamente quando não consumiam álcool e outros tipos de drogas. A recuperação também é mais rápida em pessoas que diagnosticam a esquizofrenia cedo.

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