De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, muitas pessoas confundem esses profissionais, pois os dois têm como principal instrumento de trabalho o ser humano e o tratamento dos transtornos mentais.
A primeira diferença entre esses profissionais está na formação acadêmica. Para se tornar psiquiatra é necessário fazer o curso de Medicina e após a conclusão, fazer residência em Psiquiatria, especializando-se no estudo e tratamento dos transtornos mentais. Para se tornar psicólogo basta fazer o curso de Psicologia, buscando compreender o indivíduo a partir dos seus aspectos biológicos, sociais e psicológicos, e nas suas relações com o mundo e consigo.
Hoje, destaca Glauco, sabemos que para muitos dos transtornos mentais é necessária a utilização de medicações adequadas, pois estudos comprovam que tais transtornos estão associados a alterações químicas no sistema nervoso. Aqui encontramos outra diferença fundamental, pois por ser uma especialização médica, a psiquiatria está habilitada a fazer a prescrição dos medicamentos, enquanto a psicologia funciona na lógica do encaminhamento. Quando um psicólogo identifica que o caso requer o uso de medicação, encaminha para o psiquiatra a fim de que ele faça uma avaliação e assim indique o uso da medicação ou não.
Outra diferença é que o psiquiatra trata das doenças mentais que possuem uma causa orgânica e para isso utiliza-se do modelo médico, tanto no tratamento, predominantemente medicamentoso, como no diagnóstico, através de categorias classificatórias encontradas em manuais, como por exemplo: o CID (Classificação Internacional de Doenças) e o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Alguns deles buscam formação complementar nas diferentes modalidades de psicoterapia (falarei sobre elas depois), ficando habilitados para o exercício desta.
A Psicologia tem um campo de atuação mais amplo, como empresas, escolas, comunidades, hospitais, no esporte, no marketing e publicidade, entre outros. No campo da Psicologia Clínica, através da psicoterapia, o psicólogo atuará no tratamento de dificuldades emocionais, buscando auxiliar o indivíduo em seu sofrimento psíquico, e, também, trata dos transtornos mentais de causa orgânica, mas geralmente de maneira complementar ao tratamento medicamentoso.
Em muitos tipos de transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno pós-traumático, TOC, transtorno bipolar, entre outros, o mais recomendado é aliar o tratamento medicamentoso, através do Psiquiatra, com a psicoterapia, através do Psicólogo.
Glauco ressalta que nem todo transtorno mental é igual a loucura e que buscar ajuda de um profissional da saúde mental não quer dizer que você seja necessariamente louco.
Dizer por aí que psicólogo e psiquiatra é “coisa de doido” além de preconceito é falta de informação. Se você tem dificuldades de relacionamento, apresenta comportamentos que comprometem o bom funcionamento da sua vida e que causam grande incômodo, se a vida perdeu o sentido, se você está demasiadamente ansioso, não consegue dormir, desconta suas frustrações, dificuldades e medos nos alimentos ou se simplesmente precisa se conhecer melhor: você não está louco!
Em alguns momentos da nossa vida vamos passar por determinados tipos de dificuldades, que dependo do tipo e grau, podem demandar ajuda psiquiátrica ou psicológica. Cabe a você decidir qual tipo de ajuda buscar.