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Fobia: quando o medo é uma doença

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

Pouca gente sabe, mas é bom sentir medo. Saudável, até.
É o medo o que nos deixa alerta e nos prepara para lutar ou fugir diante de uma determinada sensação de perigo. “Esta é uma sensação normal e útil para a nossa preservação. Ao sentirmos medo, tomamos providências para evitar situações de riscos”, analisa o psiquiatra Glauco Diniz Duarte. Sem essa sensação, jamais olharíamos para os lados antes de atravessar a rua e, muito provavelmente, já teríamos sido atropelados há muito tempo.

Mas se o medo de ser atropelado fosse tanto que nos impedisse de sair de casa? Medo é saudável, fobia não. “Fobia é o nome dado ao medo inexplicável que sentimos de determinados animais, objetos ou situações. É tão irracional que chega a paralisar a pessoa. Além de causar sofrimento psicológico, traz, ainda, enorme prejuízo social”, observa Glauco.

Saudável ou psicológico
Segundo Glauco, não é tarefa das mais difíceis identificar uma fobia. Quer um exemplo? É natural que qualquer um de nós tenha medo de ser picado por animais venenosos, como aranhas, cobras e escorpiões. Mas, se alguém chega a passar mal só de ouvir falar o nome de algum deles, cuidado: É sinal de que o medo se transformou em fobia.

“Muitas fobias são desenvolvidas ainda na infância. É o caso da criança que copia o modelo comportamental da mãe, que morre de pavor de barata. De tanto ver a mãe subir na cadeira, aos gritos, a criança vai concluir que a barata é um animal perigoso. E logo vai desenvolver fobia de barata, também”, explica Glauco. Segundo estimativas, filhos de pais fóbicos têm 15% de chances de perpetuar o padrão comportamental familiar, na fase adulta.

Sem motivo aparente
O que fazer quando a fobia não é motivada por trauma ou estresse? Quando não há, pelo menos aparentemente, um estopim ou algo parecido? Em alguns casos, a fobia parece, simplesmente, ter nascido com a pessoa.

Segundo estatísticas da Associação Americana de psiquiatria, 25% da população mundial está sujeita a sofrei, pelo menos uma vez na vida, um súbito ataque de pânico provocado por uma fobia específica. Mas as fobias nunca vêm sozinhas. Ao se deparar com o obscuro objeto de seu medo, o fóbico costuma sentir rubor facial, formigamento nas mãos, transpiração intensa e dor no peito. Em bom português, é como se o coração fosse sair pela boca. Muitos relatam, inclusive, sensação iminente de desmaio.

“Quando você descobre que tem medo de um determinado objeto, e recua, esse medo só tende a aumentar. O que antes era um simples desconforto, começa a se transformar em tabu intransponível. Nestes casos, quanto mais cedo procurar ajuda, melhor”, assegura Glauco.

As duas faces do medo
Para facilitar o entendimento do transtorno, os médicos logo dividiram a fobia em dois grupos: a específica, a social. A específica é aquela provocada pela exposição a um determinado animal, objeto ou situação particular. A aversão é tanta que, com o tempo, o indivíduo passa a evitar o estímulo fóbico, para não sofre.

“Quando determinada fobia é desencadeada por trauma ou estresse, por exemplo, ela pode até demorar a passar, Mas (geralmente) passa. O pior é quando a pessoa já “cronificou” o problema. Ou seja, criou toda uma teia de justificativas para não se depara com ele. Quando isso acontece, as chances de cura são menores”, alerta Glauco.

Já a fobia social pode ser descrita, em linhas gerais, como o receio de exercer qualquer atividade em público (como falar, comer ou simplesmente assinar um cheque) por medo de ser observado, julgado ou, pior, criticado pelos outros. Segundo Glauco, a fobia social pode ser definida como “uma timidez patológica”, que leva o indivíduo a viver em estado de total isolamento ou reclusão.

O medo é um sentimento comum a todas as espécies animais e serve para proteger o indivíduo do perigo. Todos nós temos medo em algumas situações nas quais o perigo é iminente.

A fobia pode ser definida como um medo irracional, diante de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer perigo para a pessoa. Com isto, essa situação ou esse objeto são evitados a todo custo. Essa evitação fóbica leva muito frequentemente a limitações importantes na vida cotidiana da pessoa. As fobias são acompanhadas de ansiedade importante e também frequentemente de depressão.

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