De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, a depressão é a doença que mais retira anos de vida saudável do brasileiro: de cada dez anos de vida saudável, ela leva um terço, pelo menos.
A indicação do antidepressivo depende do diagnóstico correto: primeiro, é preciso diferenciar tristeza de depressão. A tristeza tem relação com um fato específico, como uma perda, e sua cura é o tempo. A depressão é a perda do prazer em viver, muitas vezes sem relação com um fato triste. A pessoa perde interesse no que gostava de fazer e em aspectos básicos da vida, dormir, comer. Setenta por cento dessas pessoas manifestam algum pensamento suicida.
Outras causas de mudanças de humor
Para Glauco, antes de pensar na depressão, é preciso descartar outros fatores que causam humor deprimido, como falta de vitamina B12, hipotireoidismo e hipoglicemia no diabético idoso (causada por descontrole da doença). A reposição da vitamina e do hormônio e correção dos níveis de glicose têm impacto positivo.
Como agem os antidepressivos
Glauco explica que o antidepressivos auxiliam em todos os níveis de depressão e melhoram a reação a eventos tristes da vida, reduzem pensamentos obsessivos e permitem que a pessoa tenha maior clareza dos sentimentos e ideias. Isso porque agem sobre os neurotransmissores do cérebro, substâncias que levam informações de um neurônio para o outro. É como se o neurotransmissor fosse uma carta e o neurônio, a caixa de correio. Os remédios aumentam os níveis de neurotransmissores, ou, em uma analogia, o número de cartas com boas notícias, com bem-estar. Além da indicação para a depressão unipolar também são usados, combinados a outros remédios ou não, em outros transtornos mentais, como o transtorno bipolar, em que a pessoal oscila entre crises depressivas e de mania.
O tratamento clássico com antidepressivos dura um ano e depois a dose é diminuída até a retirada completa da droga. Muitas vezes, é preciso tomar remédios o resto da vida, assim como ocorre em outras doenças crônicas. A questão não é se livrar dos remédios, mas sim ficar livre da depressão. Dependendo da droga, pode haver ganho ou perda de peso, redução da libido e retardamento da ejaculação e do orgasmo, além de sonolência e relaxamento muscular. O importante é fazer o melhor uso do remédio. Por exemplo, um paciente com dores no corpo e insônia vai ter benefícios do remédio que tem como efeito colateral a sonolência e relaxamento. Os remédios que tiram a libido podem ser gradualmente substituídos. O ganho de peso deve ser monitorado porque pode contribuir para doenças cardíacas e diabetes.