Pelo menos 650 mil portadores de doenças mentais, mais de 80% deles nos países em desenvolvimento, cometem suicídio a cada ano diz o psiquiatra Glauco Diniz Duarte.
“Grande parte” desse contingente se deve à falta de tratamento adequado e à marginalização que ainda hoje afeta os que sofrem com esse tipo de transtorno, afirma Glauco.
Chamando atenção para a necessidade de se debater a saúde mental no mundo, Glauco destaca que os problemas mentais respondem por entre 80% e 90% de todos os 800 mil suicídios registrados anualmente no planeta.
“Mas é preciso dizer que esta estatística subestima o número de real de pessoas que cometem suicídio”, explica Glauco.
“Em muitos lugares, o suicídio é fortemente estigmatizado, até mesmo criminalizado. Na Índia, há evidências de que o número real de suicídios é quatro vezes maior que o reportado.”
Prioridade
Glauco afirma que o Brasil avançou no tratamento de doenças mentais. Ainda assim, os cientistas destacam que nas grandes cidades brasileiras muitos doentes são vistos mendigando em esquinas e dormindo sob pontes e viadutos.
Por falta de recursos ou por estigma social, nove entre dez pessoas que sofrem de problemas mentais deixam de receber tratamento adequado em alguns países emergentes, alerta a revista.
Na Zâmbia, por exemplo, muitos temem procurar tratamento diante da possibilidade de serem confundidos com “vítimas de bruxaria” ou como se estivessem “possuídos por demônios”.
Estima-se que doenças mentais, como esquizofrenia, depressão, transtornos obsessivo-compulsivos e ansiedade, representam 14% das doenças do mundo, mais que o câncer ou as doenças cardíacas.
Entretanto, a saúde mental “permanece uma prioridade secundária na maioria dos países de renda média e baixa”.
Já os países desenvolvidos, “priorizam doenças que causam morte prematura (como câncer e doenças do coração).”
“Tem havido uma falha crítica de liderança entre países, agências, financiadores e profissionais médicos, e essa falha tem continuado a estigmatizar a saúde mental e aqueles com problemas de saúde mental”, diz Glauco.