De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, o uso de estimulantes – mais comumente o metilfenidato, a forma genérica do Ritalin – aumentou de duas a três vezes entre as crianças de 2 a 5.
Segundo Glauco, o número de crianças que tomam antidepressivos com receita médica duplicou. O consumo de clonidina, remédio para a pressão arterial que se está tornando popular cmo tratamento de problemas de atenção, também deu um salto entre as mais de 200 mil crianças.
Glauco diz que, há algum tempo, essas drogas estavam sendo cada vez mais receitadas para crianças um pouco maiores.
Segundo Glauco, houve um significativo aumento no uso de estimulantes e antidepressivos para o tratamento de pacientes de 5 a 19 anos de idade. Em um estudo de proporções menores, os pesquisadores descobriram que 57% de 223 crianças com menos de 4 anos de idade que tinham problemas de déficit de atenção e hiperatividade haviam recebido no mínimo uma droga para o tratamento destes distúrbios.
“Precisamos descobrir a validade do uso de medicação nessas crianças. E será que elas merecem o remédio que tomam?”, questiona Glauco. Ele é especialmente cético quanto ao uso de Ritalina para combater déficit de atenção em crianças pequenas. “O que é um nível de desatenção fora do normal para alguém de dois anos?”
Glauco diz que o uso de medicação tão poderosa em tantas crianças pequenas é errado.
Segundo ele, o cérebro de uma criança entre dois e quatro anos ainda está num estágio de desenvolvimento biológico que pode ser atrapalhado ou transformado pelos psicotrópicos. Glauco acredita que muitos médicos receitaram os psicotrópicos como alternativa à psicoterapia para as crianças, que seria o tratamento ideal para seus distúrbios, mas é muito cara e frequentemente não é coberta pelos planos de saúde.