As doenças mentais vem afetando um número cada vez maior de indivíduos. Contudo, na mesma proporção, elas estão sendo mais e melhor compreendidas pelas pessoas. Doenças como a depressão são, hoje, vistas com seriedade e preocupação por toda a sociedade. Essa patologia será, segundo a Organização Mundial de Saúde, a segunda colocada entre as principais causas de incapacidade para o trabalho no mundo até 2020.
De acordo como o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, os transtorno de ansiedade, muitas vezes considerados mais “leves” – mas que causam também muito sofrimento psíquico – vem aumentando sua prevalência. Glauco destaca as fobias – específicas e sociais -, o transtorno do pânico e o transtorno de ansiedade generalizada. É importante também apontar alguns sintomas que são comuns a várias patologias, como a perturbação do sono por exemplo. Uma pessoa pode estar com seu sono prejudicado por um fator de estresse pontual (e que, talvez, não precise de um tratamento). Há, porém, indivíduos que não dormem pois ficam “ruminando” angústias, preocupações de forma excessiva. Esses últimos merecem atenção especial.
Glauco explica que o tratamento para essas patologias citadas, além de várias outras, consiste numa abordagem combinada: tratamento medicamentoso somado à terapia cognitivo-comportamental. O objetivo da medicação é agir no restabelecimento dos níveis normais de algumas substâncias que estão em desequilíbrio no cérebro. É aí que entra a avaliação psiquiátrica. Na psiquiatria, ao contrário de outras especialidades, não se dispõe de exames que determinem o diagnóstico da patologia que está sendo investigada. O maior “instrumento de trabalho” do psiquiatra é a entrevista com o paciente. E, em muitos casos, falar com os familiares do paciente é de suma importância, já que estes podem trazer informações relevantes e que são esquecidas ou negadas pelo paciente.
De forma extremamente simplificada, destaca Glauco, a terapia cognitivo-comportamental atua no “aqui e agora”, ajudando o paciente a mudar ou reformular seus pensamentos que, em muitos casos, são distorcidos. Além disso auxilia o mesmo com técnicas comportamentais que serão importantes no manejo de muitas situações. A terapia cognitivo-comportamental tem se mostrado muito eficaz em diversos estudos consistentes e, principalmente, na prática clínica.
Geralmente é muito difícil para o paciente dar o primeiro passo. Isso pode ocorrer em função do preconceito, que de fato já diminuiu muito mas ainda constitui uma barreira, e de uma dosagem excessiva de auto-confiança (“eu vou conseguir sair dessa sozinho”). Esses fatores retardam a busca de ajuda especializada, fazendo com que a situação se agrave ainda mais.
Verifica-se, portanto, a importância de nós, profissionais da saúde mental, divulgarmos cada vez mais essas informações. É importantíssima também a participação dos familiares, amigos ou outras pessoas ligadas a esse indivíduo, incentivando-o a buscar tratamento o mais rápido possível.
Além disso não podemos esquecer das situações envolvendo doenças clínicas como câncer ou doenças endocrinológicas, metabólicas, reumatológicas, entre outras, que podem trazer um sofrimento psíquico adicional e, logo, a necessidade de tratamento.
Agindo dessa forma, buscando um tratamento o mais precoce possível, estaremos contribuindo para um melhor prognóstico e melhores perspectivas de vida para o paciente.