Pesquisadores da UFMG estudam há quatro anos a relação existente entre o desenvolvimento do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e fatores genéticos. Um grupo de 60 pacientes participa de uma série de exames, entrevistas e questionários sobre histórico familiar no Ambulatório de TOC do Serviço de Psiquiatria da Universidade.
De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, estudos realizados por pesquisadores de diferentes países mostram que mutações genéticas desempenham um papel importante no desenvolvimento do TOC. “Não temos dúvidas de que a doença tenha origem genética. Inicialmente os especialistas acreditavam que o distúrbio possuía origem psicológica. Mas, atualmente, cresceu bastante o número de evidências que mostram uma pré-disposição genética para o TOC. Isso nos ajuda a compreender melhor a doença, e, consequentemente, tratá-la do modo adequado”, analisa Glauco.
Glauco explica que o TOC é caracterizado pela presença de pensamentos, ideias ou medos intrusivos (definidos na psiquiatria como obsessões) e por comportamentos ou atos mentais repetitivos ou realizados de forma ritualizada (definidos na psiquiatria como compulsões). Lavar as mãos compulsivamente, contar ou ordenar coisas de modo obsessivo ou temer, de modo inexplicável, um acidente ou a contaminação por algum produto são alguns sintomas de TOC.
Estima-se que o distúrbio afeta cerca de 2,5% da população mundial. “Suspeitamos, ainda, de que existam vários genes associados ao TOC”, completa Glauco. Ele enfatiza que o transtorno é relativamente um “novato” em estudos genéticos, sendo extremamente importante compreender bem as informações através da análise das famílias e de marcadores genéticos para avaliar o papel de interações gene-ambiente no TOC.