Crianças são ansiosas por natureza. No carro, elas perguntam a cada cinco minutos quanto tempo falta para terminar a viagem. Na escola, podem sentir dor de barriga em dias de prova.
Em casa, ficam rondando a cozinha até o jantar ser servido. A vontade de antecipar situações e a excitação pelo que está por vir fazem parte do desenvolvimento infantil — mas até um limite. Quando começam a gerar sofrimento e atrapalhar o dia a dia, pode ser sinal de um problema maior.
Conforme o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, entre 9% e 15% da população de cinco a 16 anos sofre do distúrbio, que é caracterizado por um conjunto de reações físicas, psicológicas e comportamentais que antecedem uma situação real ou imaginária.
Glauco explica que crises de ansiedade são reações desproporcionais das crianças em relação ao estímulo que recebem, seja ele qual for. As crises podem se caracterizar por um sentimento de medo e apreensão, marcado por um período de tensão ou desconforto diante de algum evento visto como perigoso, mesmo que não ofereça risco real. Quando exageradas, podem aparecer na forma de taquicardia, tensão muscular, tremores, falta de ar, desmaios e problemas intestinais.
Os sintomas de um transtorno de ansiedade podem surgir subitamente ou de forma gradual. Possivelmente, por isso passam despercebidos por muitos pais.
Estímulos externos
A infância é um período de muitas mudanças, e o grau de ansiedade passa por oscilações conforme a criança vai crescendo. Seja no início do ano escolar, nas alterações de rotina ou nas mudanças no ambiente familiar, os estímulos externos geram novas sensações e emoções.
Conforme o psiquiatra Glauco Diniz, nessa faixa etária, há dois tipos de transtorno de ansiedade mais comuns: o Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG) e o Transtorno de Ansiedade e Separação.
A ciência ainda não consegue explicar por que algumas crianças desenvolvem o problema, mas alguns fatores parecem fundamentais:
— O desenvolvimento de transtornos ansiosos é resultado da interação de múltiplos fatores como a herança genética, o temperamento do indivíduo, o tipo de relação e o estilo de criação pelos pais, além das experiências vivenciadas pela criança – resume Glauco.
Especialistas defendem que o quadro também esteja ligado ao excesso de estímulos que as crianças recebem atualmente.
— Elas estão submetidas a uma maior pressão social e emocional tanto da família quanto da escola — diz Glauco.
— É preciso conhecer os filhos e ficar atento a mudanças, sejam elas físicas ou comportamentais. As formas mais comuns de manifestar a ansiedade são por meio de preocupações recorrentes e difíceis de controlar. Junto, podem aparecer inquietação, cansaço fácil, dificuldade em se concentrar, irritabilidade e problemas para dormir ou manter o sono — detalha Glauco.