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Esquizofrenia ganha nova medicação

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

De acordo com o psiquiatra Glauco Diniz Duarte, uma nova injeção, aplicada mensalmente, promete facilitar o tratamento dos pacientes com esquizofrenia. Aprovada no ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a injeção de palmitato de paliperidona já está à venda e apresenta efeitos colaterais reduzidos em relação às drogas utilizadas atualmente, com a vantagem de dispensar a ingestão diária de vários comprimidos, o que evita que os pacientes desistam do tratamento, um dos problemas que mais prejudicam o controle dos sintomas.

“Ela não chega a ser revolucionária, porque já temos três ou quatro medicamentos que têm a mesma forma de aplicação, mas foi muito bem recebida por combinar uma série de vantagens que devem tornar o tratamento mais eficiente e seguro”, comenta Glauco.

Hoje, o controle da esquizofrenia é feito com medicamentos que podem ser ingeridos por via oral, com uma combinação de comprimidos tomados uma a três vezes por dia, ou aplicados a partir de uma injeção intramuscular a cada dez, quinze ou trinta dias. “Neste caso, chamamos de medicação de depósito, porque ela é injetada, fica depositada no músculo e vai sendo liberada aos poucos, o que torna seu efeito gradual.”

Segundo Glauco, as vantagens em relação aos tratamentos tradicionais são nítidas. A principal é que a pessoa não precisa tomar o medicamento todos os dias, o que combate um problema muito comum entre os pacientes de esquizofrenia: o abandono do tratamento. “Como os sintomas são controlados e somem após algumas semanas tomando os remédios, o paciente acha que está bem e acaba não levando a sério ou simplesmente abandonando a medicação”, explica Glauco.

As consequências disso são graves. Em geral, os sintomas não demoram a voltar e vão se intensificando. Pesquisas mostram que três ou quatro dias sem tomar os remédios são suficientes para que a pessoa tenha um novo surto e haja um aumento considerável nos riscos de internação. Como as crises ficam cada vez piores, cada novo episódio gera danos ao cérebro e, quanto mais surtos, mais debilitadas vão ficando a capacidade de raciocínio, a memória e a inteligência.

Efeitos colaterais

Além da forma de aplicação, outro ponto positivo da injeção é que a substância controla os sintomas e gera menos efeitos colaterais. “Mesmo a versão oral do palmitato de paliperidona, disponível há mais ou menos três anos no mercado, rende uma incidência menor de efeitos colaterais em relação a outros medicamentos, como rigidez no corpo, tremores, diminuição da mímica fácil, problemas sexuais e salivação excessiva, o que facilita a aderência do paciente ao tratamento”, diz Glauco.

Por enquanto, a desvantagem está no preço, já que cada dose do novo medicamento sai entre R$ 700 e R$ 1.100. “Mesmo os comprimidos, dependendo da quantidade que a pessoa deve tomar por mês, têm um custo semelhante. Por isso, o médico e o paciente devem avaliar em conjunto a relação de custo e benefício de cada opção para ver qual é mais satisfatória em cada caso”, recomenda Glauco.

Causas
Problema é genético

Quanto às causas, o médico psiquiatra Glauco Diniz explica que os mecanismos da esquizofrenia não estão totalmente desvendados, mas sabe-se que o componente genético faz diferença – 80% dos casos têm ligação com a genética – e é comprovado que filhos ou netos de esquizofrênicos têm maior incidência da doença. Estudos recentes também associam o aparecimento do problema com o uso de maconha. “O risco maior é quando a pessoa combina os dois fatores de risco, então tem predisposição genética e faz uso da droga, mesmo que de maneira esporádica ou por pouco tempo durante a vida.”

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