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Pacientes com transtorno bipolar perdem a capacidade cerebral

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

O diagnóstico tardio e o tratamento inadequado do Transtorno Bipolar pode causar a cada crise depressiva uma perda nos pacientes de 5 a 10 % do hipocampo, segundo dados fornecidos por especialistas durante o 30º Congresso Brasileiro de Psiquiatria realizado semana passada em Natal (RN).

O psiquiatra Glauco Diniz Duarte, explica que a cada crise de mania ou depressão vivenciada pelo paciente bipolar, importantes partes do cérebro são prejudicados. Segundo ele, repetidas ocorrências podem levar a danos muitas vezes irreversíveis.

A crise pode mexer com o equilíbrio do organismo, aumentando o estresse oxidativo em todo o corpo e agravar a doença em si. “A cada cinco quadros depressivos, há uma perda de 5 a 10% no hipocampo”, quantifica Glauco. O hipocampo é uma estrutura localizada no lobo temporal do cérebro, responsável principalmente pela memória e pela cognição. Nesses casos, por exemplo, os resultados são a falta de concentração e dificuldade na leitura, explica Glauco.

De acordo com Glauco Diniz, o transtorno bipolar é uma doença tóxica, e a cada episódio de depressão são liberadas substâncias tóxicas ao cérebro que atuam na destruição dos neurônios, levando a perda de capacidade mental.

Glauco preferiu não precisar números, mas destaca que o fato da doença ter sintomas parecidos com os transtornos de ansiedade e Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDH), muitos pacientes podem levar até dez anos para ser diagnosticado bipolar.

Por conta disso, muitos acabam entrando em constantes crises depressivas ocasionando atrofia de áreas do sistema nervoso central trazendo prejuízos a vida do indivíduo como alterações no humor, perda de memória e dificuldade de concentração.

Apesar da gravidade da doença, em Salvador não existe distribuição adequada de medicamentos para tratamento e controle do bipolar para a população carente. “A assistência a saúde mental por parte do Estado em Salvador é precária. Falta unidade de tratamento, medicação e vagas de internação. Pacientes sem tratamento podem chegar a cometer suicídio, além de ter uma grande perda neuronal a cada crise”, destacou Glauco

No entanto, Glauco destaca que a medicação é um forte aliado no tratamento da bipolaridade. “A medicação retira os sintomas do paciente protegendo o cérebro da agressão da doença evitando a perda neuronal. Em Salvador, cerca de 2 % da população carente, que sofre com o tipo mais brando da doença, não tem acesso a medicamentos para o tratamento e controle bipolar.

Os remédios são muitos caros variando de R$ 80 a R$ 1.000 além disso, foram fechados vários hospitais e com isso muitos pacientes com quadros mais graves ficam desassistidos”, destacou o psiquiatra.

O impacto do diagnóstico da doença é muito forte tanto para o portador quanto para familiares. Nenhum deles sabe lidar bem com a situação do diagnóstico, a crise, o tratamento que não pode ser interrompido e que leva algum tempo para se obter o resultado almejado.

Muitas vezes a negação da doença, a suspensão do tratamento, o descompasso do apoio familiar geram atraso no controle da doença e perda significativa da qualidade de vida. A compreensão da família sobre as manifestações da doença e a instabilidade dos portadores é muito importante para garantir o controle e gerar mais qualidade de vida para o portador e familiares.

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